RELATO DE PESQUISA:
O ENSINO/APRENDIZAGEM DA INTERAÇÃO DISCENTE
DE MEDICINA/PACIENTE NO ACOLHIMENTO NA ÁREA DE SAÚDE:
Tema recortado do polo de Comunicação
Clínica da disciplina Semiologia Mental1, da Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública de Salvador, Bahia.
Autor: José Pinto de Queiroz Filho
Professor adjunto de Psiquiatria e Semiologia Mental da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública de Salvador, Bahia, Brasil
Professor adjunto de Psiquiatria e Semiologia Mental da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública de Salvador, Bahia, Brasil
Resumo
Avaliou-se o processo ensino/aprendizagem
aplicado no acolhimento na área de saúde, alicerçado na abordagem multiaxial
(somato.mental.social.pessoal) centrada no paciente, assinalando os fatores
relevantes da comunicação aluno - paciente, sua importância no processo
diagnóstico, seus efeitos terapêuticos e iatropatogênicos. Avaliou-se, ainda, o
feedback de pacientes.
Palavras chave: entrevista centrada em
paciente, pré-consulta, acolhimento, abordagem multiaxial, medicina e
comunicação clínica, feedback de paciente, interação aluno – professor -
paciente
Summary
The
process applied teaching/learning was evaluated in the reception in the +area
of health, found in the approach multiaxial (somato.mental.social.pessoal)
centered in the patient, marking the communication student's important factors
- patient, your importance in the process diagnosis, your therapeutic effects
and iatropatogênicos. It was evaluated, also, the patients' feedback. It was
evaluated, also, the patients' feedback.
Key
words: interview centered in the patient, pré-consultation, reception, approach
multiaxial, medicine and clinical communication, patient's feedback,
interaction student –patient - teacher.
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Prelúdio
O processo de acolhimento[1] na área de saúde deve estar presente
em cada ação desenvolvida (“..). nos diversos pontos de atenção do sistema
de saúde (...) para dar respostas às demandas apresentadas pelos usuários
disponibilizando as alternativas tecnológicas mais adequadas”[2].
Entende-se que trabalhar o acolhimento como
norma de procedimento para as políticas de saúde pública pode transformar esta
estratégia num eficiente instrumento clinico capaz de operacionalizar as
principais diretrizes do SUS: universalidade, integralidade, equidade. Trata-se
de uma atividade que precisa ser contínua, articulada e interdependente e
envolver a participação multiprofissional.
Apesar disso, não tive a pretensão de
pesquisar, na sua totalidade, a rede de ações interligadas que constitui o todo
do acolhimento. Por questões de viabilidade da pesquisa recortei, deste todo, o
campo de acolhimento (que, por isso mesmo, prefiro chamar de campo de boas-vindas) que é oferecido
ao paciente do ADAB durante a consulta médica didática, no polo de comunicação
clínica da disciplina Semiologia Mental1, operacionalizada por três agentes
ativos, paciente-professor-aluno através de táticas, técnicas e estratégias
comunicacionais; todos atuando no circuito: início em sala de aula –
atendimento em consultório didático – conclusão em sala de aula.
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1.00 - INTRODUÇÃO
Mecanicismo: a primeira ruptura do
homem com a natureza
Relógio do sol
Nosso ascendente costumava contar o tempo
com a ajuda de eventos naturais – o nascer do sol, o crepúsculo[3], o plantio, a colheita.
O “tempo” mecânico
Historicamente, o primeiro relógio mecânico
pode ter sido a causa da primeira ruptura do homem com
a natureza. A sua invenção possibilitou ao ser humano contar o tempo
utilizando o girar das engrenagens que fez emergir o chamado “tempo” mecânico.
Aliás, o relógio fez mais que isso. Tornou-se modelo do Cosmos[4]. E aí aconteceu o inesperado: confundiram
o modelo com o original. Acharam que a natureza era só um grande relógio, não
uma coisa viva, mas, sim, uma máquina.
1.01- René Descartes
Descartes (“penso, logo existo”)
parece ter sido o primeiro a conceber o mundo como um relógio mecânico[5]. Na verdade, para ele era importante
descobrir sem a ajuda do papa e de deuses como o cosmos funcionava, rompendo,
assim, com a cosmovisão da Igreja Católica Romana. Tal hipótese eminentemente
mecanicista conduziu à técnica de fragmentar o todo, desmontando-o e
reduzindo-o a um monte de peças simples, para entender este todo. Fragmentar o
todo para estudá-lo é considerado, ainda hoje, a metodologia científica de
eleição. A premissa generalizou-se abarcando as ciências, a arte, a política e
a medicina -, que nos interessa aqui.
Reducionismo e seres vivos
A fascinação de Descartes pelo relógio
mecânico, sua principal metáfora para entender o todo, também o levou a
explicar os seres vivos sob a ótica do reducionismo[6]. Desta
perspectiva, afirmava: “Vejo o corpo como nada mais que uma máquina”. “O
homem saudável é um relógio que funciona bem e um homem doente um relógio com
defeito”. “Todos os seres vivos plantas e animais não passam de máquinas”,
o que certamente não é verdade.
“Sua rigorosa divisão entre corpo e
mente contribuiu para que os médicos se concentrassem na máquina corporal e
negligenciassem os aspectos mentais, sociais e ambientais da doença (...)
Quando a perspectiva das ciências médicas se transferiu do estudo dos órgãos
corporais para o das moléculas, o estudo do fenômeno de cura foi progressivamente
negligenciado e os médicos passaram a achar cada vez mais difícil lidar com a
interdependência de corpo e mente”[7].
A hipótese de Descartes, que muito
contribuiu para a aceitação do mecanicismo na área médica, contou com a ajuda
de outras descobertas da mesma época[8] que, unidas, consolidaram o raciocínio biomecânico em
medicina, convergindo para firmar a dominância da causalidade somática.
Por questão de justiça, não se pode negar,
o próprio Descartes que postulou a separação entre mente e corpo, reconhecia a
importância da interação entre ambos e parecia estar ciente das implicações na
prática médica (CAPRA, 1982).
Os tempos mudaram
René
Descartes foi um pensador brilhante, extremamente útil para o século XVII. Mas
os tempos mudaram, e com ele o relógio mecânico. As engrenagens do relógio
foram substituídas pelo microchip. A física quântica redimensionou o
conhecimento da física clássica. O cartesianismo[9] entrou em crise.
1.02 - Do paradigma mecânico para o
sistêmico
O
mecanicismo de Descartes cedeu espaço a um novo conceito, o sistêmico, de Bertalanffy,
definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com
objetivos comuns formando um todo cujo resultado é maior do que as partes.
Qualquer conjunto de partes unidas entre si
pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o
comportamento do todo sejam o foco de atenção. Na biologia sistêmica ao invés
de se reduzir uma entidade (o ser humano, por exemplo) ao estudo individual das
propriedades de suas partes ou elementos (órgãos ou células),
focaliza-se o arranjo do todo, ou seja, as relações entre as partes que se
interconectam e interagem[10]. A ênfase foi deslocada dos objetos
para os processos que promovem a interação entre os objetos.
A mudança do paradigma mecânico para o
sistêmico mostrou a necessidade de serem pensadas novas maneiras de entender o
cosmos e a vida e, particularmente, de entender e praticar a medicina.
1.03 - Mudando a nossa maneira de
perceber a medicina
Em pleno século XXI, estamos vivendo uma
crise de percepção, notadamente na área da medicina. Caracteriza-se pela
insistência na prática voltada somente para o enfoque somático[11] das doenças que tem se mostrado
incompetente para resolver a maioria das demandas dos pacientes, aumentando a
frustração e a desilusão com os resultados da chamada abordagem biomecânica.
Entretanto, é preciso que se diga, não pretendo
esconjurar a abordagem biomecanicista porque, reconheço, os
seres vivos também funcionam como máquinas. Ocorre com os órgãos e os sistemas
que trabalham dessa forma para assegurar a sobrevivência.
Por isso, a medicina contemporânea tem toda
razão quando, em circunstâncias específicas (nos atendimentos de urgência, por
exemplo), privilegia a fisiologia mecanicista da vida. Deste viés, soa até
ridículo pensar-se em atender -, pelo menos, nos primeiros momentos críticos -,
um paciente acometido por um infarto agudo do miocárdio, com a preocupação de
obter-se, a não ser excepcionalmente, dados sociais, pessoais, relacionais.
Sei o quanto é absolutamente necessário
conhecer o funcionamento e atuar sobre as estruturas somáticas do paciente -
aliás, tarefa própria, intransferível e da responsabilidade da medicina, porque
específica do ato médico. Mas temos de convir, a doença é habitualmente um
acidente de percurso na história de vida do paciente, que também precisa ser
compreendido. Mas compreendido, por quê? Porque, a cada dia, vem se acumulando
provas de que a etiologia e a manutenção das doenças são eventos multiaxiais sempre
correlacionados aos contextos vitais – interno e externo - do paciente – que
abrangem a ação conjunta de fatores biossomáticos, como a herança genética e o
envelhecimento celular, e ambientais, às nossas experiências pessoais e
educacionais, aos hábitos de consumo e aos já referidos acidentes de percurso.
Só assim o médico poderá por em prática uma nova concepção da medicina, com novas
responsabilidades na prevenção, produção e promoção da saúde e uma inovadora
percepção crítica dos atuais e ineficientes tratamentos sintomáticos, que
desconsideram a real complexidade da etiologia das doenças.
1.04 - Anamnese e entrevista
Em tese, a anamnese -, que é o resgate
de lembranças reminiscências, recordações pouco precisas dos pacientes -, é
complemento da entrevista e não o inverso como habitualmente se pensa.
Ela tem o propósito de diagnosticar a doença física identificando os sinais e os sintomas, sua natureza e história. Tal episteme paradigmática, no sentido de Foucault, estruturou-se a partir do surgimento da patologia do corpo físico:
Essa percepção fragmentada, reducionista e mecanicista, inspirada no legado de Descartes, ainda domina a prática médica contemporânea. Como consequência deste foco dominante no somático -, somático que é somente parte de um todo maior -, reduziu-se a explicação da doença ao diagnóstico sintomático que é insuficiente, per se, tanto para elucidar os múltiplos mecanismos etiológicos subjacentes, quanto para construir uma interação clínica bem-sucedida com o paciente -, o que pode ser facilitado, sobremaneira, com a adoção da abordagem multiaxial.
1.05 - A abordagem multiaxial
A abordagem ou entrevista médica
multiaxial,centrada na pessoa, é um instrumento apropriado para investigar as
quatro interfaces humanas -, somática, mental, intersocial, intrapessoal -, principalmente,
acredito, quando se alicerça naTeoria Pragmática da Comunicação Humana[12], por propiciar soluções viáveis para a
maioria dos problemas clínicos de pacientes.
Ocorre, entre outras razões, porque a
Teoria Pragmática descarta a noção de indivíduo como mero
"continente" da doença e privilegia a sua interação com o todo de
seus contextos vitais internos e externos possibilitando ao médico tornar-se
mais eficaz nos atos de prevenir, produzir e promover a saúde e de contribuir
para alavancar uma melhor qualidade de vida do paciente.
1.06 - Inter-subjetividade
Este processo de reconstrução do
conhecimento é um modo de intervenção que valoriza a inter-subjetividade da
interação médico/paciente - não confundir com o intra-psíquico.
A inter-subjetividade é uma via
privilegiada de acesso clínico competente para identificar as múltiplas
etiologias subjacentes ao mal-estar do ser humano propiciando ao médico
repensar as relações imprescindíveis do indivíduo com seus contextos vitais
(família, rede social, bairro, cidade, trabalho, escola, situação econômica,
vida mental, social, sexual, pessoal, etc.) e, ao mesmo tempo, contribuir para
situar o paciente consigo mesmo, possibilitando-lhe um refletir de si para si,
portanto, mais atento às relações que constrói com o seu cotidiano.
E, para completar, pode também distanciar o
médico da obsessão psicanalítica pelo intra-psíquico o que permite "[...]
“sairmos do pântano sem fim da interpretação" (Cecchin e cols,
(1997)[13].
Resistência
A adoção da abordagem multiaxial costume
encontrar resistência de alguns médicos e instituições de saúde, principalmente
quando questiona as certezas do modelo biomecânico, focado exclusivamente na
doença física; mas a pretensão dos que a praticam, buscando torná-la
procedimento normativo da consulta médica pode ser justificada por se tratar do
modelo mais promissor, viável e eficaz já idealizado até agora.
Desta nova perspectiva (na verdade, não tão
nova assim!), a abordagem multiaxial propicia, ainda, a transformação da “relação”
médico-paciente – comunicação assimétrica, onde só conta o discurso do médico -
em “interação” médico-paciente na qual, para a promoção de saúde, o
discurso do paciente é tão importante quanto o do médico.
1.08 - Entrevista = acolhimento +
anamnese
O acolhimento e a subsequente anamnese têm
objetivos distintos, mas complementares como veremos a seguir:
“O acolhimento como ato ou efeito de
acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um “estar
com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão. Essa atitude
implica, por sua vez, estar em interação com algo ou alguém. É exatamente nesse
sentido, de ação de “estar com” ou “estar perto de”, que queremos afirmar o
acolhimento como uma das diretrizes de maior relevância ética/estética/política
da Política Nacional de Humanização do SUS”. – (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de
Humanização).
No caso da atenção, ela deve ser exercitada
durante todo o processo da entrevista.
1.09 - Entrevista semi-diretiva
A entrevista médica semi-diretiva é experiência
valiosa para o medico e para o paciente. O paciente tem a chance de expor seus
problemas sobre a sua saúde/doença, à partir de sua experiência de adoecer. Já
o médico, com a escuta inteligente, tem a oportunidade de construir um vínculo
de confiança com o seu paciente o que lhe facilitará a intervenção beneficente
na produção de saúde.
A interação médico/paciente valoriza o discurso do médico e o discurso do paciente
A interação médico/paciente valoriza o discurso do médico e o discurso do paciente
A técnica de ouvir o paciente é a mais antiga e eficaz ferramenta da medicina
para se chegar a um diagnóstico confiável. Em termos estatísticos, os acertos
giram em torno de 70% a 90%. Nenhum exame de alta tecnologia tem um índice tão
elevado de acertos. O exame físico também não. E não temos outra maneira de
obter essas informações.
Por isso, a entrevista médica não deve ser compreendida como uma modalidade de comunicação voltada apenas para a busca de sinais e sintomas. Ela possui não somente objetivos semiológicos, mas também objetivos terapêuticos que precisam ser operacionalizados. E quais são os resultados terapêuticos que podemos alcançar com a escuta cuidadosa do paciente?
Sem a mesa divisória o dialogo flui com menos empecilhos
Hoje (2011), a competência do médico para se comunicar com o paciente é amplamente aceita como essencial para a prática médica. Mais recentemente descobriu-se que algumas estratégias de comunicação são mais efetivas do que outras e que podem ser ensinadas/aprendidas; e, também, que tais competências devem ser incluídas na avaliação clínica de estudantes de medicina e de médicos.[17]
A obtenção de uma boa história clínica é o resultado de um processo comunicacional colaborativo entre médico e paciente. História que muitas vezes trará não apenas o quê, o onde e o quando - que costumam ser extraídos pelo interrogatório diretivo – mas principalmente o como, o porquê, e o para quê.
Desta perspectiva, a promoção de saúde alcança maior abrangência, superando o campo específico das práticas tradicionais, passando a englobar o ambiente vital mais amplo incluindo os contextos locais e globais, além de abarcar, de uma só vez, as interfaces físicas, mentais, sociais, pessoais.
Embora ainda não seja uma prática usual, há
vantagens substanciais em resgatar os relatos das consultas médicas de pacientes,
pois podem confirmar se a consulta alcançou o êxito esperado. Principalmente no
que se refere ao que o/a paciente espera delas incluindo as resoluções médicas,
a catarse emocional e a própria interação do processo comunicativo –, revelada
nas expressões: “o trato gentil e cortez”, “a atenção focada na pessoa”, “o
respeito às diferenças”, “o zelo”, “a cumplicidade no diálogo” e, como
consequência maior, “a instauração de um vínculo de confiança”, explícito,
libertador e gratificante. Também possibilita nos sentirmos recompensados “ao
saber quão bem estamos nos saindo em nossas consultas”. (PENDLETON, 2011).
(Com a imprescindível ajuda
dos funcionários do CEDETE, a quem agradeço penhoradamente, estamos editando as
filmagens contidas em 12 DVD's. Concluída a tarefa pretendemos, oportunamente, divulgar
a edição final).
Os temas novos como a catarse, a quebra de paradigmas como o de não sentar atrás da mesa (divisória), deixar o paciente livre para dizer o que quer e o que não quer (propiciar condições para que o paciente fale sem ser interrompido precocemente), e o fato de propiciar condições para que o paciente se sinta acolhido desde o corredor até a volta para a sala, mostrou-me que conquistar a confiança de uma pessoa requer trabalho, desempenho, mas, sobretudo o conhecimento da técnica (das técnicas de interação humana). Vi que é quase uma ciência exata, quase, pois trata-se de pessoas, mas a aplicação da técnica frequentemente traz resultados positivos, alcançando-se os objetivos da entrevista (que inclui a ação terapêutica). Jamais vou esquecer desse estágio e das vezes que pude perceber claramente a mudança do semblante do paciente após a consulta, realmente somos capazes de mudar o pool bioquímico! (Ao referir-se ao pool bioquímico, Carolina está RECORDANDO a ênfase que dou em sala de aula ao fato de que a utilização de técnicas, táticas e estratégias comunicacionais produzem mudanças somáticas no paciente, dos tipos: redução da pressão arterial, diminuição do cortisol e aumento das endorfinas circulantes, entre outras). (...) Posso dizer, com um sorriso no rosto, de quem se reporta aos momentos de pós-consulta, que para mim esse foi o momento mais gratificante. Ver nos olhos, na postura, no averbal do paciente o quanto estavam satisfeitos com a interação, trazia em mim uma alegria diferente, e percebi que os dois, o médico e o paciente, saem modificados após a consulta. Passamos a observar outras realidades, a comparar com a nossa e isso é muito esclarecedor. O depoimento de cada paciente mostrou o quanto esse novo modelo de consulta é agradável e eficiente. (...) Professor, quero incentivá-lo a continuar com esse trabalho, me apaixonei e me identifiquei demais com essa nova forma de consulta. Parabéns pela sua sensibilidade, observações e iniciativa. Keep walking!” Carolina Leite Versoza
“O estágio de Semiologia Mental, mais particularmente o Polo de Comunicação Clínica, trouxe para mim não só muita reflexão como vivências que levarei para o resto da minha formação acadêmica. Pensamos e teorizamos sobre comunicação e interação médico-paciente desde o primeiro semestre do curso de Medicina, mas só neste estágio tivemos a oportunidade de ouvir, ver e sentir o lado do paciente.
“Como já diz o título do texto (referindo-se ao texto, Pequeno Guia de Entrevista Clínica), é realmente um guia para a entrevista clínica. O interessante no guia é o enfoque dado à empatia e que eu concordo plenamente. Com a empatia, o médico conquista a confiança do paciente deixando-o a vontade para demonstrar os seus problemas, seus dilemas, sua vida como um todo e como tudo isso fica mais fácil tanto para o médico quanto para o paciente se expressar. (...) Acho que esse guia deveria ser repassado para todos os alunos de medicina que iniciarão suas atividades hospitalares. Com certeza, meus colegas que pegaram inicialmente essa parte da matéria souberam lidar de uma forma melhor com os pacientes no inicio. Nós que estamos pegando essa parte por último, com esse guia, seria mais fácil de nos habituarmos, mas de qualquer forma aprendemos como lidar diante de um paciente. Esse guia veio para fortalecer esse aprendizado e ajudar muito em nosso ensino; tenho absoluta certeza que nossas anamneses, ou melhor dizendo, nossas entrevistas serão, de agora em diante, mais ricas e completas. Rafael Moura
Eu não diria que houve uma mudança na abordagem, até mesmo porque nós já buscávamos abarcar o paciente de uma maneira multiaxial, embora o termo não nos fosse conhecido. Entretanto nesse estágio nós aprendemos certas nuances de atendimento, como afastar-se da mesa, (atender ao paciente sem a mesa divisória) deixar o paciente trazer os problemas dele pra gente (propiciar ao paciente a irrupção da catarse emocional), permitir (facilitar) a fala livre do paciente por cerca de 10 minutos... Estes detalhes que a gente não conhecia fizeram a diferença; e a gente pôde ver isso na prática. Sâmara Fernandes Santos Martins
“O texto Semiologia das Funções Mentais se mostrou, a meu ver, inovador e me apresentou, por várias vezes, afirmações que a princípio me pareceram equivocadas, mas que logo depois me convenceram completamente e abriram a minha visão quanto ao que foi afirmado. Exemplificarei a seguir:
“O texto Pequeno Guia de Entrevista Médica chama a atenção para diversas questões de extrema importância na prática médica, mas ultimamente muito esquecidas. Particularmente a primeira frase do texto, 'A entrevista médica que contém a anamnese, e não o contrario, como se costuma pensar’ me chamou muito a atenção, eu nunca havia analisado a situação desta maneira. Na prática apenas chegamos ao paciente para colher a história de sua moléstia (física), e, como conseqüência, entrevistá-lo e tentar saber um pouco mais de sua 'vida além da doença'. Os resultados normalmente não são tão bons e o vínculo médico-paciente formado é frágil e debilitado, sem um bom grau de confiança mútua. Vale ressaltar também a questão da linguagem não verbal que é fundamental para uma entrevista bem sucedida, principalmente quando estamos no início do processo de aprendizagem e que não temos idéia de como isso afeta o resultado final
.
Trabalho de grupo - Apresentação e debate;
“O resgate da medicina do doente que não
objetiva e exclusão da tecnologia, mas sim a recoloca em seu importante papel
coadjuvante, torna-se cada vez mais necessário para determinar uma medicina de
qualidade científica, humana e social. (...) Pensar o paciente de forma
integral, com mente e corpo harmoniosamente funcionantes, inseridos em seu
contexto sócio-histórico, é uma necessidade” [14].
Na verdade, o discurso do paciente contém
informações capazes de nos dar pistas preciosas para a obtenção de um
diagnóstico preciso e de uma terapêutica eficaz – que não são contempladas nas
perguntas “engessadas”.
Por isso, a entrevista médica não deve ser compreendida como uma modalidade de comunicação voltada apenas para a busca de sinais e sintomas. Ela possui não somente objetivos semiológicos, mas também objetivos terapêuticos que precisam ser operacionalizados. E quais são os resultados terapêuticos que podemos alcançar com a escuta cuidadosa do paciente?
(a) “... (a) satisfação do paciente
é maior, a adesão à terapia é maior, a resolução dos sintomas é mais rápida, os
processos judiciais são menos frequentes” [15].
1.10 - A anamnese diretiva ou
engessada
O médico, embora ciente do dito acima, nem
sempre sabe valorizar o que o paciente tem para lhe dizer. Acresça a
insensibilidade e o não reconhecimento, por parte dos profissionais médicos, da
importância da abordagem multiaxial na promoção da saúde de pacientes – o que
contrasta com o tempo em que ainda se formavam médicos comprometidos com a
saúde integral do paciente, portanto, infensos a abordagem engessada no
somático; abordagem esta que os tem subjugado, no presente, contando com a
inestimável ajuda do serviço público que os humilha com salários imorais,
porque defasados, e impõe uma demanda de doentes orientada unicamente para a
obtenção de resultados quantitativos que só interessam aos governantes e
burocratas.
“Os médicos muitas vezes enxergam esse
primeiro passo no processo diagnóstico como um interrogatório – no qual, à
semelhança de um detetive durão de alguma série de TV, pede ao paciente que
narre ‘apenas os fatos’... Vista desta perspectiva, a história do paciente é
importante somente como um veículo para chegarmos aos fatos ligados ao caso...
Com essa atitude de querer saber apenas os fatos, os médicos muitas vezes
interrompem seus pacientes antes que eles consigam contar a história
completa... Um estudo indica que, em média, os médicos escutavam os pacientes
durante 16 segundos antes de interromper – e alguns interrompiam os pacientes
depois de apenas 03 segundos... Uma vez cortada a história dificilmente a
retornavam(menos de dois por cento de pacientes)”.[16]
Na realidade, as perguntas
pré-estabelecidas utilizadas na anamnese diretiva (ou “engessada”, como costumo
dizer) investigam pressupostos estatísticos, genéricos – e abstratos - que são
uma média dos sinais e sintomas que predominam em cada doença
(diabetes, hipertensão, depressão, infarto do miocárdio). Entretanto, clinicar
à partir de estereótipos patológicos, pode aproximar, mas não substitui a
experiência do adoecer de um paciente real, no aqui/agora.
Com tais dados abstratos o médico pode até
inferir teoricamente como a média das pessoas reagiria à
doença. Porém, se não se permite escutar a história do paciente, contada pelo
próprio paciente, dificilmente conseguirá perceber como uma pessoa em particular está
experimentando a própria enfermidade.
1.11 - Comunicando com o paciente
Em
1991, portanto, exatos 20 anos, após a Conferência Internacional Sobre
Comunicação Médica, em Toronto, Canadá, os signatários da Declaração de
Consenso resumiram as evidências sobre as deficiências de habilidades de
comunicação dos médicos e recomendaram que tais habilidades fossem ensinadas ao
longo de toda preparação dos estudantes de medicina do Reino Unido, dos EUA e
do Canadá.
Hoje (2011), a competência do médico para se comunicar com o paciente é amplamente aceita como essencial para a prática médica. Mais recentemente descobriu-se que algumas estratégias de comunicação são mais efetivas do que outras e que podem ser ensinadas/aprendidas; e, também, que tais competências devem ser incluídas na avaliação clínica de estudantes de medicina e de médicos.[17]
Sendo assim, o despreparo do médico na
habilidade de comunicar remete à necessidade de se propiciar ao estudante de
medicina o aprendizado de técnicas, táticas e estratégias comunicacionais para
fazê-lo hábil no utilizar-se a si mesmo como instrumento sensível de análise
compreensiva das necessidades do doente, tornando-o competente para
prescrever-se em doses eficazes. (BALINT, 1975)
A obtenção de uma boa história clínica é o resultado de um processo comunicacional colaborativo entre médico e paciente. História que muitas vezes trará não apenas o quê, o onde e o quando - que costumam ser extraídos pelo interrogatório diretivo – mas principalmente o como, o porquê, e o para quê.
Por tudo isso, firma-se cada vez mais a
convicção de que, qualquer que seja a especialidade, o que fazer médico perpassa
necessariamente pela obrigação profissional de comunicar-se com o ser humano em
todas as suas dimensões.
Desta perspectiva, a promoção de saúde alcança maior abrangência, superando o campo específico das práticas tradicionais, passando a englobar o ambiente vital mais amplo incluindo os contextos locais e globais, além de abarcar, de uma só vez, as interfaces físicas, mentais, sociais, pessoais.
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2.00. AVALIANDO O PROCESSO
ENSINO/APRENDIZAGEM
Propus-me
olhar o processo de interação discente/paciente não com o distanciamento de uma
pesquisa acadêmica, mas com a pegada de quem vive parte do problema e conhece
parte da solução para criar boas iniciativas e construir um aprendizado
produtivo. Constituiu-se também numa oportunidade para a discussão, o enfrentamento
e a superação da abordagem unicamente somática.
Tendo em vista a importância de como saber
comunicar com o paciente na consulta médica, esta pesquisa cuidou de avaliar a
eficácia do processo ensino/aprendizagem no Polo de Comunicação Clínica, analisando
o desempenho de estudantes do quinto semestre do curso de Medicina da EBMSP no
exercício da interação médico-paciente através de ação-em-serviço,
transcrições de observações, depoimentos e reflexões dos discentes
pertinentes às experiências obtidas na interação com o paciente. Também, e
tão importante quanto, o de obter o feedback dos pacientes que viveram a
experiência da entrevista multiaxial. O que efetivamente obtivemos foi a
materialização discursiva do saber do paciente, um “discurso do ver”, com seus
modos de perceber e produzir sentidos. Para isto, foi decisiva a inclusão da
tecnologia da filmagem a confirmar que a história do crescimento e afirmação
das multimídias coincide com a história da crescente materialização do saber
médico.
2.01. OBJETIVOS DESTE TRABALHO
Caracterizo este trabalho como pesquisa
prática apresentada de forma descritiva.
Com fundamento na Teoria Pragmática da
Comunicação Humana, procurei problematizar[18]o processo de intervenção comunicacional no
acolhimento a pacientes do ADAB, no espaço da consulta clínica didática,
objetivando:
1) Evidenciar
os resultados semiológicos/terapêuticos da interlocução exercitada por
discentes[19], sob orientação docente, destacando os
pontos importantes.
2) Identificar
as características dos vínculos eficazes de ação terapêutica que o ato de
escuta ajuda a criar.
3) Verificar
o uso de técnicas, táticas e estratégias comunicacionais na promoção de saúde,
embasadas na multi-dimensionalidade do paciente.
4) Assinalar
o envolvimento profissional de agentes de enfermagem no acolhimento e na
atenção.
5) Dar visibilidade às atividades
didáticas desenvolvidas nos dois semestres letivos de 2011, envolvendo a tríade
paciente-aluno-professor –, ocorrência ímpar e singular que, pela primeira vez,
adentrou a intimidade de uma sala de aula para proporcionar aos interessados
uma percepção aprofundada de como se faz o aprendizado da abordagem multiaxial
na disciplina Semiologia Mental1 da EBMSP.
Estou ciente, o pesquisador da área de
saúde precisa listar exaustivamente os dados quantitativos para legitimar a
dimensão factual, sem se permitir deixar de validar também a dimensão
qualitativa das ocorrências.
Pensando assim, junto com a listagem e a
descrição dos dados quantitativos, fiz a análise qualitativa do processo de
ação-em-serviço que, no meu entender, implica numa oportunidade ímpar de
aprender com, de ensinar com e de transformar com, possibilitando que a
pesquisa se torne uma espiral de ação e reflexão imbricadas em atos
partilhados, recursivos, muitas vezes imprevisíveis, orientados por uma ética
de responsabilidade na maneira de produzir conhecimentos sobre prevenção,
promoção e produção de saúde na vigência do exercício da consulta médica
que requer competências humanista, comunicacional e técnica, “onde
o brilho natural (do médico) só é percebido através do reflexo do olhar do
outro.” [20]
A pesquisa foi inserida no decorrer do
processo ensino/aprendizagem da disciplina Semiologia Mental1, Polo de
Comunicação Clínica do curso de graduação de alunos do terceiro ano médico,
quinto semestre, da EBMSP.
2.02. METODOLOGIA
Uma semana antes do início das aulas
práticas, foi entregue, aos/as estudantes de medicina do terceiro ano, um texto
intitulado Pequeno Guia da Entrevista Médica de autoria do
professor e autor da pesquisa. Textos subsequentes foram disponibilizados nas
semanas seguintes obedecendo à mesma sistemática.[21]
À leitura antecipada (de, no mínimo, sete
dias) dos textos pertinentes, seguiam-se os procedimentos:
1. (07h às 08h)
Apresentação dos conteúdos dos textos pelos discentes e discussões em grupo com
a participação do docente.
2. (08h05min às
08h35min.) Acolhimento inicial de pacientes em sala de aula, para criar um
ambiente propício e a disposição favorável à entrevista multiaxial.
3. (08h40min às
09h10min) Entrevista multiaxial feita por alunos em consultório didático, sob
supervisão docente - duração em torno de 25/30minutos.
4. (09h12min às
10h12min) Retorno de alunos e pacientes à sala de aula, para escutar o feedback
de pacientes.
5. (10h14min às
11h14min) Após a saída dos pacientes, iniciáva-se a discussão com os alunos
sobre os trabalhos realizados em serviço.
2.03. FILMANDO OS DEPOIMENTOS DE PACIENTES
Sem a mesa divisória a interação médico/paciente é mais efetiva
(Os achados do feedback do paciente) ”
...melhoram a consulta tanto para o paciente quanto para o médico... se o
médico deixar passar algum aspecto terá a chance de se corrigir... e poderá
identificar na consulta, que abordagens funcionam e produzem uma boa reação...”[22] Por
tudo isso, tivemos o maior cuidado em priorizar o feeedback de pacientes,
buscando otimizar todas as vantagens pertinentes.
Para formalizar a filmagem dos depoimentos
de pacientes (unicamente, os atendidos nas quatro últimas aulas do último mês
do primeiro semestre de 2011), disponibilizei um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido que foi assinado por todos os participantes da pesquisa (não houve
recusas). O formulário fornecido pelo Cedete, entidade da EBMSP responsável
pelo registro fílmico, continha sete variáveis, referentes ao usuário: (a)
nome; (b) sexo; (c) idade; (d) estado civil (e) profissão e (f) endereço
residencial; (g) número do CI.
2.04. LISTAGEM E DESCRIÇÃO DE DADOS
QUANTITATIVOS (ainda incompletos)
A abordagem quantitativa serviu para
descrever a distribuição de frequência, sem intenção de realizar quaisquer
comparações.
População pesquisada
Durante os dois semestres letivos do ano de
2011, 185 alunos, 129 do sexo feminino e 66 do sexo masculino, atenderam nos
consultórios didáticos do ADAB, um total de 320 pacientes distribuídos/as às
terças e quintas-feiras – 5 a cada dia.
Pacientes oriundos de:
1. Pré-consultas
e acolhimentos referenciados para a Semiologia Mental1. 31
pacientes.
2. Pré-consultas
e acolhimentos de clínicas diversas (cardiologia, pediatria, cirurgia,
ginecologia, etc.). 271 pacientes. Foram os preferenciais por confirmarem, na
prática, a importância da abordagem multiaxial para pacientes de qualquer especialidade
médica.
3. Por
solicitação de colegas, com o viés de patologia psiquiátrica. 18 pacientes
2.05. DADOS
OBTIDOS DE DEPOIMENTOS DE PACIENTES – ANÁLISE QUALITATIVA/QUANTITATIVA DO
FEEDBACK DE PACIENTES
Observou-se que o/a paciente percebeu a
abordagem multiaxial como uma oportunidade para se criar um vínculo
profissional/paciente, caracterizado por “atenção”, “confiança”, “zelo”,
“respeito”, “cortesia”, “carinho”, “facilitação de desabafo emocional (catarse)”,
alicerçado na troca de informações recíprocas exercitada no contexto de uma interação
simétrica. Tais resultados corroboram os achados positivos da literatura,
indicando que o médico e o discente de medicina precisam estar atentos,
preparados e mobilizados para responder a tais demandas.
Os significados pontuais declarados pelos pacientes
durante a experiência de acolhimento, foram: a atenção (100%), a
criação de vínculos de confiança (100%), o reforço da
auto-estima (100%), a rapidez ou agilidade no atendimento(95%),
a resolutividade (80%), o encaminhamento e
orientação (ambos com 95%), respeito àindividualidade e escuta
interessada (100%).
2.06. DADOS OBTIDOS DE DEPOIMENTOS DE
DISCENTES – ANÁLISE DE ELEMENTOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DE
AÇÕES-EM-SERVIÇO
2.06A. Avaliação
quantitativa
A abordagem quantitativa foi usada para
descrever a distribuição de freqüência, sem intenção de realizar comparações.
No decurso do primeiro semestre letivo de
2011, foram realizadas 34 entrevistas semi-diretivas e multiaxiais de pacientes
do ADAB (média de 3 alunos para cada paciente), por 100 acadêmicos do terceiro
ano de graduação sob supervisão do professor.
Os aspectos percebidos como mais influentes
no processo de ensino-aprendizagem da interação médico-paciente foram os bons e
maus modelos, atendimentos realizados no dia-a-dia e relacionamentos
interpessoais.
Os discentes consideraram que a quantidade
de aulas foram poucas, e propuseram o seu aumento dentro da grade curricular.
Quinze estudantes (60%) referiram querer aprender mais sobre a interação
médico-paciente durante o curso, em aulas com abordagem de situações
específicas, tendo sido sugerida uma disciplina sobre o tema. Concluiu-se que
o ensino-aprendizagem da interação médico-paciente poderia ser promovido pelo
treinamento de habilidades em comunicação e pela criação de espaços para
reflexão mediados por professores ou médicos assistentes ao longo do curso.
2.06B. Avaliação
qualitativa
Os dados foram coletados nos dois semestres
letivos de 2011, através de análises críticas de discentes, feitas verbalmente
e por escrito, direcionadas pelas seguintes questões norteadoras:
1. Análise
do conteúdo do curso.
2. Avaliação
da metodologia de ensino.
3. Auto-avaliação
da aprendizagem.
4. Críticas
e sugestões.
5. Outras questões emergentes.
A seguir, iniciava-se uma discussão aberta
sobre as atividades desenvolvidas no Polo de Comunicação Clínica com o objetivo
de complementar e aprofundar as mesmas questões norteadoras das análises críticas.
2.07. ANALISANDO A CONTRIBUIÇÃO DISCENTE
QUALITATIVA
Através da análise crítica opinativa
da entrevista multiaxial não-diretiva, os/as discentes mostraram-se
encantados/as com os resultados obtidos ao exercitarem a interação
médico/paciente. Triei e recopilei as análises dos/das discentes, “enxuguei”
textos, corrigi erros de redação e de português e complementei as análises com
observações didáticas -, que podem ser identificadas pela cor azul.
A minha disposição inicial era a de
publicar a íntegra dos depoimentos produzidos pelos/as alunos/as. Depois,
refleti e decidi compilar e comentar os tópicos dos pensamentos e sentimentos
de discentes (e pacientes), que selecionei como os mais representativos para
dar visibilidade aos dados do processo ensino/aprendizagem obtidos nesta
pesquisa. Mas quem desejar ler os textos completos os encontrará no apêndice
apartado deste trabalho.
2.08. SOBRE A INTERAÇÃO COM O PACIENTE
“Classifico como positiva a
experiência que tive no polo de Desconstrução de Paradigmas Médicos (subtítulo
que dei ao polo de Comunicação Clínica). Entrei no primeiro dia de aula com
alguns conceitos pré-formados e um deles era o de que uma "simples
conversa" com o paciente não teria grande impacto na evolução do processo
saúde-doença daquela pessoa. Que engano! Foi uma imensa surpresa pra mim entrar
no consultório na primeira semana de aula (o aluno
entrevista o paciente já no primeiro dia de aula, respaldado na leitura e numa
avaliação crítica escrita e individual do texto Pequeno Guia da Entrevista, que
lhe foi enviado 07 sete dias antes deste primeiro contato, e após a sua
discussão prévia, antes de fazer a consulta) e ver o bem que aquela
conversa estava causando para o paciente. Outro conceito que eu tinha é o de
que seria impossível fazer o paciente falar por 10 minutos ininterruptos sem
que eu pudesse fazer qualquer intervenção (diretiva,
explícita). Outro engano! Era notória a vontade que o paciente tinha de
falar, por até mais de 10 minutos, caso fosse possível. Ao final da consulta,
víamos que o realmente difícil era encontrar uma oportunidade para comunicar ao
nosso entrevistado de que a consulta havia terminado”. Felipe Santos Passos
“Durante esses cinco semestres, li
muitos livros de patologia, fisiologia e anatomia, aprendi muito sobre a
fisiopatologia da febre reumática, da doença de Chagas e da artrite, mas nunca
nenhuma matéria tinha me ensinado, de forma tão plena, como lidar com o
paciente. Saber como iniciar uma conversa, como estimular o paciente a se
abrir, como identificar os pequenos sinais que cada um dá, nenhum professor
tinha abordado. E só agora posso afirmar que tenho um maior conhecimento sobre
isso. É uma pena que só agora tivemos essa matéria (início do 2º. semestre
letivo de 2011), pois, sem dúvida, essas técnicas seriam necessárias muito
antes, quando começamos a ter os primeiros contatos com os pacientes.”Inaiah
Muritiba Sampaio
“O formato desse polo é muito
agradável, pois o contato com o paciente e a oportunidade de colocar o
aprendizado em prática faz com que se tenha um retorno imediato do que está
sendo aprendido, através do depoimento dos pacientes.” Gabriela
Tanajura Biscaia
“Quanto ao atendimento aos pacientes
do ADAB foi uma forma interessante de priorizarmos a "esquecida"
história pessoal e social do paciente (na verdade,
em nenhum momento do curso me referi a ‘priorizar a esquecida história pessoal
e social do paciente’ que, ouso dizer, deve mesmo ser esquecida, extirpada da
anamnese médica, e ser substituída por algo radicalmente diferente;
o acolhimento e a abordagem multiaxial das interfaces humanas) sem
deixar de lado os demais componentes de uma anamnese de qualidade. Ao mesmo
tempo, essa experiência possibilitou a fuga do modelo da "anamnese
engessada" e a adoção de um modelo mais espontâneo de entrevista. Esta última
característica confere, particularmente, ao polo de comunicação clínica um
valor "especial''' em relação à construção do atendimento humanizado ao
paciente. Além disso, a oportunidade de escutar a opinião dos pacientes sobre o
atendimento recebido dos próprios alunos foi importante para a validação do
conhecimento adquirido neste polo e nos demais polos. Por fim, pude concluir
que esse feedback do paciente em relação ao médico é essencial na construção da
‘tão desejada e nem sempre alcançada interação médico-paciente."
“Mesmo com a mudança nos currículos,
acho que muitos professores de medicina são resistentes a mudanças. Isso
influencia na forma com que eles ao ensinarem e orientarem seus alunos tanto em
sala de aula como no internato e residência, passem para esses alunos os vícios
da anamnese engessada.” Vitor
Souza de Oliveira
“Descobri uma nova forma de atender e
de tratar as pessoas, coisa que eu acredito deveria ter aprendido antes de
começar a ir pro hospital. Depois das primeiras aulas de Semiologia Mental
percebi que minha anamnese estava muito incompleta. Mas terei oportunidade no
semestre que vem de integrar o conhecimento de semiologia Mental ao da Clínica
integrada e com certeza vou ver a diferença que isso pode gerar, tanto no humor
do paciente, quanto na sua colaboração. Agora me sinto um pouco mais preparada
para exercer a minha futura profissão.” Izabel
Machado Chaves de Castro
“Acredito que esse polo foi bastante
interessante, e que atendeu ao que foi proposto que era a comunicação com o
paciente (o de aprender a se comunicar com o
paciente). Os textos trouxeram pontos que foram abordados na prática
então a teoria se aliou a prática dando assim um maior entendimento. As
discussões possibilitaram um novo olhar sobre um assunto que tem sido discutido
desde o primeiro semestre em psicologia médica.” Susana
Louise de Almeida Santos
“O que mais me estimulou durante o
curso foi ver, desde a primeira aula, que o assunto lido previamente em casa e
depois debatido exaustivamente em sala de aula, era totalmente aplicável na
prática.” Carolina Coelho Cunha
“Tivemos a oportunidade de debater
o tema em outras matérias do curso e, até mesmo, nos outros estágios de
Semiologia Mental, mas nada foi tão integrado com a prática da entrevista como
vimos aqui, fornecendo um melhor entendimento e solidificação do conhecimento.
Desde o início do curso de medicina aprendemos o que ‘é
o certo e o que é o errado’ em uma entrevista, mas, pelo menos na minha cabeça,
nunca tinha ficado claro a maneira de fazê-lo, agora já tenho uma boa noção
quanto a isso.
(...) Sou uma pessoa tímida e sempre tive receio de não saber como lidar com os pacientes, mas consegui aprender algumas boas técnicas que tenho certeza vão me ajudar muito daqui para frente. (...) Acho que esse estágio deveria ocorrer no início do curso para todos os alunos. Sei que é algo complicado de realizar, mas acho muito necessário. (...) Acredito que se tivesse tido essas aulas um pouco antes, as entrevistas realizadas no hospital teriam uma qualidade e rendimento superiores. ” Gabriela Tanajura Biscaia
(...) Sou uma pessoa tímida e sempre tive receio de não saber como lidar com os pacientes, mas consegui aprender algumas boas técnicas que tenho certeza vão me ajudar muito daqui para frente. (...) Acho que esse estágio deveria ocorrer no início do curso para todos os alunos. Sei que é algo complicado de realizar, mas acho muito necessário. (...) Acredito que se tivesse tido essas aulas um pouco antes, as entrevistas realizadas no hospital teriam uma qualidade e rendimento superiores. ” Gabriela Tanajura Biscaia
“A disciplina definitivamente mudou a
minha forma de abordar o paciente, a minha forma de conversar e colher uma
anamnese e finalmente a minha forma de conduzir a relação (interação) com o paciente.”
Paula Neves Fernandes
“Para mim, o melhor das aulas é o
tempo que passamos com o paciente e a discussão, após a entrevista, com o
professor, os colegas e os próprios pacientes. Receber um feedback dos
pacientes e saber que com atitudes simples (mas
embasadas por um aprendizado complexo) conseguimos aliviar a dor de
alguém me faz sentir realizada com a profissão que escolhi.” Gabriela Novaes Brito Silva
”O que achei legal é que mesmo
utilizando a abordagem semi-diretiva e multiaxial, consegui obter todas as informações
importantes e necessárias para diagnosticar a doença (física).
Além disso, pude descobrir coisas que na anamnese engessada jamais
saberia...” Bruna Garrido Casal (Anamnese
engessada é o apelido que dei à anamnese focada somente na patologia somática).
“No início do semestre, admito que
estava desmotivada com a disciplina Semiologia Mental, a considerava
desnecessária porque tomaria um tempo que poderia ser destinado a outras coisas
como o estudo de outras matérias. Porém, com o passar do tempo e o decorrer das
aulas no ADAB, fui me motivando cada vez mais e me empolgando com a disciplina
que, para mim, estava começando a se tornar bastante promissora. Os textos que
líamos antes de cada aula estavam muito bem escritos e nos davam dicas e
orientações sobre a melhor forma a qual devemos nos comportar em uma consulta
médica e como tratar os diversos tipos de pacientes, desse modo, acho muito
válida e proveitosa a leitura e interpretação de tais textos pois, as aulas e
consultas não seriam as mesmas se essas apostilas* não nos tivessem sido
disponibilizadas”. Paula
Neves Fernandes * (Não se trata de
apostilas, mas de textos inéditos do autor deste trabalho e docente da
aluna, que pretendo publicar num futuro livro).
“A forma como foram conduzidas as
aulas do Polo de Comunicação Clínica foram bastante interessantes e
acrescentaram muito a nossa formação não só como médico, mas como um ser humano
melhor, pois pudemos observar que a base de uma boa interação seja médica ou
qualquer outra, é sempre fundamentada em interesse, respeito e atenção. O
contato mais próximo com os pacientes que foi alcançado nesta matéria me fez
crescer, por ouvir histórias de pacientes de todos os tipos (todos os tipos, significando as diversas especialidades
médicas), evitando julgá-los precipitadamente”. Paulo Rocha Lobo
“A matéria Semiologia Mental1 e em
especial o Polo de Comunicação Clínica ou Desconstrução de Paradigmas Médicos
tem sido para mim de fundamental importância para minha formação. Acredito que
ter um espaço onde aprender a trabalhar com o paciente e aprender a enxergar
que à nossa frente temos não só uma patologia a tratar mais um ser humano para
acolher, seja imprescindível a qualquer médico”. Gabriela
Novaes Brito Silva
“O curso de Semiologia Mental,
neste polo (de Comunicação Clínica), foi
bastante construtivo, em minha opinião. Ter a oportunidade de vivenciar uma
consulta multiaxial é mais que fantástica, e mais ainda é poder ouvir do
próprio paciente o que ele sentiu/achou na/da consulta. Já tínhamos ouvido
falar muitas e muitas outras vezes que, se existe alguém que procura o médico,
esse alguém o faz por um motivo, e nem sempre precisa ser necessariamente uma
doença física. Existem diversos tipos de paciente, não apenas porque cada um
tem seu próprio organismo e suas próprias reações às condições ambientais e
farmacológicas, mas sim devido à mente que cada um possui. Não devemos negar,
entretanto, que a maioria dos pacientes procura o médico por conta de doenças
físicas. Porém, com toda certeza, por causa dessa diversidade mental, os
pacientes muitas vezes adquirem afecções devido a desequilíbrios psicológicos (prefiro, desequilíbrios mentais cognitivos e afetivos).
E ainda mais: existe aquele tipo de paciente que procura o médico apenas por
necessitar de alguém que seja mais forte, experiente (ao menos na aparência);
alguém a quem ele pode recorrer porque nunca negará ajuda; uma figura paterna,
às vezes.
Certo, como eu dizia antes, isso todos
nós já sabíamos na teoria. Todavia, quem poderia imaginar que uma simples
conversa amigável (simples, amigável
mas fundamentada em técnicas, táticas e estratégias comunicacionais
complexas comprovadas cientificamente), um olhar atencioso, um espaço
menos restritivo e um toque no ombro poderiam mudar o humor e até o estado
físico de um paciente? Sendo extremamente sincera, muitas pessoas não
acreditariam nisso. Porém tivemos a grande oportunidade de presenciar a
influência que um médico pode exercer sobre o estado de um paciente, basta ser
trabalhada para isso (de preferência, beneficamente, não?). E o feedback que
ouvíamos era, no mínimo, emocionante. Como é possível que alguém possa se abrir
tanto com um desconhecido? E por quê? Perguntas que já estamos acostumados a
ouvir, especialmente após as chamadas pré-consultas que fazíamos!
Isso tudo, certamente, é estimulante
para nós, estudantes de medicina. Afinal, além do prazer que sentimos no
contato com o paciente, sentimos também que estamos fazendo algo bom, algo que,
para nós, pode não ser tão grandioso, mas para eles... Ah, para eles e para
quem for, é uma experiência bem interessante. Em suma, nós somos estimulados a
crescer humanamente como profissional; eles encaram uma realidade em que os
médicos os tratam de forma acolhedora e atenciosa, podendo, assim, criar uma
visão crítica sobre a saúde pública do nosso país e poder contestar sua forma
de organização de forma justa e racional.
Para finalizar, gostaria de agradecer
ao senhor, professor Queiroz, pela oportunidade de vivenciar tais experiências
e pelas idéias "renovadas" que seus textos me mostraram. Obrigada!
PS: Minha opinião sobre o conteúdo e a
metodologia não estão bem separados acima, desculpe.” Raíza
Martina André Carneiro Martins
“As aulas de semiologia mental foram
esclarecedoras e construtivas para mim como futura médica, O Polo de
Comunicação Clínica comprovou um premissa que antes eu rejeitava: a da ajuda
através da conversa (conversa entendida como
técnicas, táticas e estratégias comunicacionais). Além disso pude
desenvolver técnicas de comunicação e de escuta que levarei para minha vida.
Além do trato com o paciente, as
técnicas de comunicação podem ser usadas no nosso dia-a-dia de maneira a
auxiliar nossas relações. A percepção do paciente como um indivíduo complexo,
com necessidades e angústias que devem ser levados em conta no atendimento
médico foi abordado em cada encontro e pôde ser visto durante as pré-consultas
com os pacientes.
O contato que tivemos com os pacientes
foi enriquecedor. Percebi a importância de criar vínculos de confiança e do uso
adequado das palavras no momento do atendimento, além da necessidade da
abordagem ao paciente com as técnicas corretas. Tomamos conhecimento da
existência da catarse e de todos os seus benefícios para o indivíduo, além da
maneira como devemos ajudar o paciente a sentir-se à vontade para
utilizá-la.” Mariana
Tinoco Lordello de Souza
“Os encontros com os paciente do ADAB,
para uma pré-consulta, foram essenciais para colocarmos em prática todo esse
novo aparato de abordagem e relação (interação) com
os pacientes. Confesso que no inicio estranhei e fui até um pouco descrente
quanto ao que estávamos fazendo. Fui surpreendida no momento em que percebi o
quanto os pacientes precisavam e gostavam de falar e que eles simplesmente
falavam pelo simples fato de terem tido espaço para isso.
A disciplina definitivamente mudou a minha forma de abordar o paciente, a minha forma de conversar e colher uma anamnese e finalmente a minha forma de conduzir a relação(interação) com o paciente." Paula Neves Fernandes
A disciplina definitivamente mudou a minha forma de abordar o paciente, a minha forma de conversar e colher uma anamnese e finalmente a minha forma de conduzir a relação(interação) com o paciente." Paula Neves Fernandes
“Achei muito bom o método utilizado
para nos mostrar que existem outras formas efetivas na interação com o paciente
ao invés da "anamnese engessada" que aprendemos. Porém não devemos
"jogá-la fora", mas sim acrescentá-la nessa nova abordagem (não podemos, nem devemos ‘jogá-la fora’, pois ela é um
procedimento essencial que complementa a entrevista). Os textos
enriqueceram as discussões auxiliando o entendimento.” Marília
de Santa Inês
“Não podemos ficar presos a anamnese
"engessada" padrão que aprendemos nos livros de semiologia.
Precisamos ter uma visão mais ampla da pessoa que está doente e não somente da
doença (física) que acomete aquele
indivíduo. Durantes as aulas o professor nos ensinou como realizar esse tipo de
entrevista médica atentando para alguns eixos de abordagem na entrevista:
Somático; Mental; Social; Pessoal. Como complemento, atendemos alguns pacientes
com o intuito de praticar a entrevista muitiaxial. Foi muito gratificante
atender as pessoas e depois ouvi-las opinando sobre o atendimento em debate
aberto com os outros colegas e com o professor. Ficou bastante evidente que as
pessoas gostam muito desse tipo de consulta, na qual o médico permite (permite, não, propicia) que ocorra uma
verdadeira interação com o paciente, ouvindo-o da melhor forma possível e o tratando
bem. Ou seja, nessa consulta tentamos dar (propiciar)
um espaço para os pacientes que eles normalmente não têm quando procuram um
serviço de saúde. Não estávamos ali com o único propósito de colher uma
história clínica, relacionando os sinais e sintomas para trabalharmos em cima
da doença (física) daquele indivíduo. Na
verdade eu queria muito mais do que isso: queria ouvir a pessoa, saber sobre
sua vida e sobre o que ela pensa a respeito do mundo em que vive e muitas
outras coisas. A aprovação foi unânime. Todas as pessoas que foram atendidas
por mim e meus colegas gostaram muito da consulta, ao ponto de alguns até se
emocionarem. O interessante que esse tipo de consulta não precisa ser extensa
como muitas pessoas pensam. Em muitas situações não são necessários mais do que
20 a 30 minutos.” Paulo
Rocha Lobo
“É imensurável o sentimento de
satisfação criado em mim a partir de cada relato dos pacientes. Através deles
pude quebrar preconceitos, ultrapassar barreiras e criar vertentes mais
humanas. Sem dúvida valores importantíssimos para minha vida pessoal e
profissional.” Melina Garcia Benderoth
“Foi de grande valia ter passado
por esse polo e ter aprendido que através de coisas simples (entendo ‘coisas simples’ como as técnicas, táticas e
estratégias comunicacionais praticáveis, exequíveis, executadas com extrema
facilidade na dependência da motivação externa e do talento pessoal de cada
aluno para interagir com o paciente) podemos promover a saúde de um
paciente.”Izabel Machado Chaves de Castro
Seguramente, a mesa divisória prejudica a comunicação médico/paciente
"O estágio do Polo de Comunicação
Clínica foi muito valioso para mim uma vez que tive a oportunidade de colocar a
teoria em prática. Alguns conteúdos abordados nos textos já tinham sidos
trabalhados durante os outros semestres nas disciplinas de saúde comunitária e psicologia
médica, trazê-los mais uma vez é bom porque reforça o aprendizado.
Os temas novos como a catarse, a quebra de paradigmas como o de não sentar atrás da mesa (divisória), deixar o paciente livre para dizer o que quer e o que não quer (propiciar condições para que o paciente fale sem ser interrompido precocemente), e o fato de propiciar condições para que o paciente se sinta acolhido desde o corredor até a volta para a sala, mostrou-me que conquistar a confiança de uma pessoa requer trabalho, desempenho, mas, sobretudo o conhecimento da técnica (das técnicas de interação humana). Vi que é quase uma ciência exata, quase, pois trata-se de pessoas, mas a aplicação da técnica frequentemente traz resultados positivos, alcançando-se os objetivos da entrevista (que inclui a ação terapêutica). Jamais vou esquecer desse estágio e das vezes que pude perceber claramente a mudança do semblante do paciente após a consulta, realmente somos capazes de mudar o pool bioquímico! (Ao referir-se ao pool bioquímico, Carolina está RECORDANDO a ênfase que dou em sala de aula ao fato de que a utilização de técnicas, táticas e estratégias comunicacionais produzem mudanças somáticas no paciente, dos tipos: redução da pressão arterial, diminuição do cortisol e aumento das endorfinas circulantes, entre outras). (...) Posso dizer, com um sorriso no rosto, de quem se reporta aos momentos de pós-consulta, que para mim esse foi o momento mais gratificante. Ver nos olhos, na postura, no averbal do paciente o quanto estavam satisfeitos com a interação, trazia em mim uma alegria diferente, e percebi que os dois, o médico e o paciente, saem modificados após a consulta. Passamos a observar outras realidades, a comparar com a nossa e isso é muito esclarecedor. O depoimento de cada paciente mostrou o quanto esse novo modelo de consulta é agradável e eficiente. (...) Professor, quero incentivá-lo a continuar com esse trabalho, me apaixonei e me identifiquei demais com essa nova forma de consulta. Parabéns pela sua sensibilidade, observações e iniciativa. Keep walking!” Carolina Leite Versoza
“Os conhecimentos e assuntos que a
disciplina me trouxe são de muita importância para minha futura prática médica.
Isso porque, quando colocava em prática durante as pré-consultas o que aprendia
em sala, com os trabalhos e com os textos o resultado era excelente. E o
feedback dos pacientes era gratificante! Impressionante como, mesmo sem ter
nenhum conhecimento na área das ciências médicas, eles falavam coisas que
víamos em textos científicos. Como por exemplo, a importância e a necessidade
de conversar com o paciente e de não apenas lhe interrogar sobre sua moléstia e
a falta que eles sentem de um médico que dê uma atenção integral à sua pessoa.
No final das consultas, e principalmente após o feedback dos pacientes, ficava
com uma sensação de que de alguma forma fiz diferença na vida daquele paciente.
Para que eu pudesse ter uma boa
interação com o paciente, os textos disponibilizados ajudaram e muito. Além de
trazerem teorias e conceitos, eles traziam exemplos práticos do que era certo e
errado (do que era beneficente ou não para o
paciente) durante uma entrevista, o que tornava muito mais clara a
maneira como eu deveria agir com os pacientes. Isso somado ao suporte que o
professor dava em sala me deixava segura no momento em que éramos só eu, meus
colegas e os pacientes.
Acho que meu nível de aprendizado foi
bom, pois entendi e absorvi os conteúdos que me foram passados além de ter
colocado em prática de forma satisfatória. Sendo a Semiologia Mental um campo muito
vasto e recheado de conhecimentos, me dou nota 9, pois em quatro
semanas, na minha opinião, não se consegue aprender exatamente tudo o que é
passado.” Maria
Gabriela
“As quatro semanas do estágio no
polo de comunicação clínica foram bastante enriquecedoras para minha formação,
pois me permitiram construir um novo olhar sobre a interação
médico-paciente.” Alana Almeida Roxo
“O estágio de Semiologia Mental, mais particularmente o Polo de Comunicação Clínica, trouxe para mim não só muita reflexão como vivências que levarei para o resto da minha formação acadêmica. Pensamos e teorizamos sobre comunicação e interação médico-paciente desde o primeiro semestre do curso de Medicina, mas só neste estágio tivemos a oportunidade de ouvir, ver e sentir o lado do paciente.
É impressionante como faz diferença
saber que nossa atenção pode ter um significado tão grande para outro ser
humano, ainda que por alguns minutos e ainda que nunca mais haja um reencontro.
Gosto de me lembrar dos relatos emocionados dos pacientes que se sentiram
ouvidos durante as consultas que fizemos.” Nara
Barbosa de Almeida
“O aprendizado da consulta médica
na faculdade é baseada na anamnese engessada, cheia de perguntas, a ponto de
não percebermos um simples olhar de angústia; e, de um exame físico, que mexe e
remexe o paciente na intenção de descobrir alguma alteração no corpo (físico). Porém, a partir do primeiro dia de aula
de semiologia mental no ADAB a minha idéia de uma consulta médica foi se
modificando. A consulta deixou de ser uma anamnese engessada e se converteu
numa conversa com o paciente em que primordialmente era preciso criar uma boa
interação médico-paciente. É válido colocar o meu espanto diante de tantas
pessoas incompletas, tristes e desamparadas. A cada dia, percebi que uma
consulta era diferente da outra porque a necessidade de cada paciente é
diferente. Por exemplo, na consulta com a primeira paciente pude ser mais
amiga, ouvir mais e compartilhar com o que a deixava triste. No atendimento de
outra paciente, não precisei consolá-la porque felizmente ela era uma pessoa
centrada e bem resolvida na vida social e afetiva. Tive até a sensação errônea
de que não a estava ajudando em nada.
À partir de minhas vivências nessas consultas, aprendi que a interação médico/paciente começa muito antes da primeira palavra ser dita; começa com a linguagem averbal, através de gestos, movimentos, expressões faciais. E se não houver uma perfeita comunicação averbal, a consulta provavelmente ficará comprometida porque o paciente pré-estabelece a sua conduta interpretando o que é comunicado averbalmente durante sua interação com o médico. Somado a isso existe também a necessidade de sempre buscar preservar a "bolha invisível" de cada paciente, respeitando, assim, a sua individualidade e o seu espaço. Aos poucos se vai adquirindo a confiança do paciente e consequentemente se consegue entrar no seu mundo.
Outro ponto que não se pode esquecer é a forma com que o disposição das cadeiras são colocadas SEM A MESA (DIVISÓRIA)! Essa iniciativa me parecia um detalhe pouco importante, mas fez muita diferença na hora de interagir com os pacientes. A partir dessa minha vivência conclui que para diagnosticarmos uma pessoa, buscando sempre o benefício da saúde e da qualidade de vida dela, precisamos entendê-la não só na interface somática, mas também nas social, pessoal e mental. Consequentemente, o médico ficará satisfeito com a sua conduta e com o resultado profissional (e o paciente também). Carolinne Leite Lucena de Abreu
À partir de minhas vivências nessas consultas, aprendi que a interação médico/paciente começa muito antes da primeira palavra ser dita; começa com a linguagem averbal, através de gestos, movimentos, expressões faciais. E se não houver uma perfeita comunicação averbal, a consulta provavelmente ficará comprometida porque o paciente pré-estabelece a sua conduta interpretando o que é comunicado averbalmente durante sua interação com o médico. Somado a isso existe também a necessidade de sempre buscar preservar a "bolha invisível" de cada paciente, respeitando, assim, a sua individualidade e o seu espaço. Aos poucos se vai adquirindo a confiança do paciente e consequentemente se consegue entrar no seu mundo.
Outro ponto que não se pode esquecer é a forma com que o disposição das cadeiras são colocadas SEM A MESA (DIVISÓRIA)! Essa iniciativa me parecia um detalhe pouco importante, mas fez muita diferença na hora de interagir com os pacientes. A partir dessa minha vivência conclui que para diagnosticarmos uma pessoa, buscando sempre o benefício da saúde e da qualidade de vida dela, precisamos entendê-la não só na interface somática, mas também nas social, pessoal e mental. Consequentemente, o médico ficará satisfeito com a sua conduta e com o resultado profissional (e o paciente também). Carolinne Leite Lucena de Abreu
“A primeira frase que ouvi do professor
Queiroz foi à seguinte: ‘Olhem a perna dele tremendo, as mãos entrelaçadas,
mostrando ansiedade, impaciência, e até mesmo insegurança...’. E naquele
momento eu percebi o quanto eu podia dizer averbalmente. Mesmo o professor
ouvindo apenas uma frase minha (‘Bom dia’) e ter me visto chegar atrasado e me
sentar, ele conseguiu perceber os sentimentos que eu estava demonstrando mesmo
sem dizer uma palavra. A partir daí fui tomado por uma curiosidade e um
interesse grande em saber o que seria abordado no curso (Confesso, não me recordo de ter feito uma descrição
tão explicíta do averbal de Danilo. Na verdade, apontei discretamente
algumas pistas averbais reveladas por seu corpo físico, com o objetivo de
mostrar didaticamente, a importância de observá-las, mas não me lembro de ter
descrito as ocorrências com as palavras que ele citou - ansiedade, impaciência,
insegurança...).
No início a questão de ser filmado
durante toda a manhã me assustou, mas com o tempo percebi o porquê daquilo
estar sendo feito. E minhas expectativas foram atendidas. O estágio no polo de
comunicação clínica foi uma experiência que tenho certeza que vou levar pro
resto da minha vida, principalmente com relação à prática médica. “ Danilo
Malta Batista
“Aos poucos estou conseguindo abrir
mão daquela anamnese engessada e partir para uma conversa com o doente, sem
pressioná-lo ou realizar um interrogatório.
Acredito que nessas quatro
semanas aprendi muito. Dou nota 8 a esse aprendizado. Esses dois pontos que
excluo são apenas por não ter tido mais tempo nesse polo. Sei que se o
cronograma acadêmico permitisse, teria muito mais a aprender aqui. Foi uma
experiência ímpar. Nesses dois anos de faculdade não tinha entendido ainda a
importância de uma boa interação com o paciente. Vê-los desabafar seus
problemas, confiando em estudantes que não passam de meninos, ao invés de
conversá-los com seus médicos, que na teoria estudaram para isso, foi de grande
importância. Fico feliz em ter participado desse polo. Mais feliz ainda por
ouvir dos pacientes como se sentiram bem conversando conosco; como a
entrevista, muitas vezes sem grandes perguntas, apenas com a escuta, fez com
que saíssem mais aliviados e tranquilos. Em resumo, feliz por saber, que de
alguma forma, pude fazer a diferença.” Caroline
da Silva Seidler
2.09. SOBRE OS TEXTOS
“A respeito dos textos que nos eram
enviados toda semana para que fizéssemos a leitura, a avaliação crítica e as
apresentações, também tenho apenas elogios. Todos foram textos didáticos, bem
escritos, bem embasados cientificamente e com conteúdos interessantes e úteis
para a prática médica diária. Os textos facilitaram, e muito, não apenas o
atendimento de nosso paciente de Semiologia Mental, mas também dos pacientes de
Semiologia Médica no hospital. (Na abordagem
multiaxial inexiste a Semiologia Física, Química, Mental. Na verdade, na
minha opinião, a Semiologia Médica é única e não comporta adjetivações).
Creio que o conhecimento mais importante que obtive através da leitura dos textos foi o da importância e utilidade que uma boa anamnese (entrevista) possui. Através de tudo isso, acabei deixando de lado a idéia de uma anamnese engessada, focada apenas no somático do paciente e tentei ao máximo pôr em prática uma anamnese (entrevista) focada no diagnóstico multiaxial.” Felipe Santos Passos
Creio que o conhecimento mais importante que obtive através da leitura dos textos foi o da importância e utilidade que uma boa anamnese (entrevista) possui. Através de tudo isso, acabei deixando de lado a idéia de uma anamnese engessada, focada apenas no somático do paciente e tentei ao máximo pôr em prática uma anamnese (entrevista) focada no diagnóstico multiaxial.” Felipe Santos Passos
“O conteúdo dos textos tem boa
efetividade no aprendizado prático e ajudam muito nas discussões em sala. A
leitura é prática, fácil e de bom entendimento. Acredito que os
textos, em verdade, são a chave do aprendizado da aula.” Zenon
Rei de Brito Borges
“Durante as quatro aulas que tivemos,
os textos previamente disponibilizados foram essenciais para nos mostrar qual a
melhor maneira de se portar e de entrevistar o paciente, preparando-nos para a
prática que ocorreria nas aulas.”Inaiah
Muritiba Sampaio
“A meu ver, o Polo de Comunicação
Clínica foi bastante importante. Achei que os textos trouxeram à tona conteúdos
de extrema importância para o exercício da boa prática médica, como já
discutidos nas avaliações opinativas anteriores. A entrevista com os pacientes
nos fez ver claramente na prática o que vínhamos discutindo na teoria durante
as aulas. Acho isso muito interessante, pois ficar só na teoria não convence
ninguém.” Gabriela
Noronha Marques
“O Polo de Comunicação Clínica,
ministrado pelo Professor José Pinto de Queiroz Filho, faz abordagens de
fundamental importância para a conduta médica adequada. Os textos, específicos
para cada aula, ensinam como fazer uma boa interação médico/paciente, realizar
uma entrevista de sucesso, abordar o paciente de forma muitiaxial; fazer com
que o paciente se sinta satisfeito, respeitado, ouvido, acolhido...” Izabel
Machado Chaves de Castro
“Foi uma experiência enriquecedora, a
leitura dos textos somada à discussão em sala de aula e ao atendimento dos pacientes.
E indiscutível a importância da ênfase neste tema quando pensamos em
humanlzação do sistema de saúde.” Igor
Barbosa Ribeiro
“Acredito
que os textos utilizados foram muito importantes para nos apresentar o assunto
que seria trabalhado em aula e, o mais importante, nos preparar para as
entrevistas que seriam feitas no segundo momento da aula. Os textos, juntamente
com as discussões e apresentações, me deixaram mais segura e me proporcionaram
fundamentos baseadas na prática para uma melhor interação médico-paciente.“ Gabriela
Tanajura Biscaia
“Os textos passados pelo professor são
muito bem escritos e elaborados, com temáticas que elucidam bem o aspecto da
Semiologia Mental abordada por ele no ambulatório do ADAB. Dessa forma, há um
paralelo entre a teoria e a prática ambulatorial que é muito importante para o
aprendizado acadêmico do estudante de medicina.”Sâmara
Fernandes Santos Martins
“Os textos trouxeram o embasamento
teórico que desde o início do curso (médico)
faltou, para nós compreendermos melhor esse paradigma da abordagem multiaxial.
E poder ler os textos antes da aula contribuiu muito para as discussões,
tornando-as mais aprofundadas e mais produtivas.”Thayse
Fernanda Lins
“(...) os textos trabalhados foram
importantes porque serviram de guia e de embasamento para as atividades que
estávamos desenvolvendo. Pudemos, a partir deles, trazer exemplos de
comunicações mal sucedidas e de possíveis leituras de linguagens averbais.
Vimos como esta é forte, presente e fidedigna com as emoções dos envolvidos
numa comunicação.” Nara
Barbosa de Almeida
“Como já diz o título do texto (referindo-se ao texto, Pequeno Guia de Entrevista Clínica), é realmente um guia para a entrevista clínica. O interessante no guia é o enfoque dado à empatia e que eu concordo plenamente. Com a empatia, o médico conquista a confiança do paciente deixando-o a vontade para demonstrar os seus problemas, seus dilemas, sua vida como um todo e como tudo isso fica mais fácil tanto para o médico quanto para o paciente se expressar. (...) Acho que esse guia deveria ser repassado para todos os alunos de medicina que iniciarão suas atividades hospitalares. Com certeza, meus colegas que pegaram inicialmente essa parte da matéria souberam lidar de uma forma melhor com os pacientes no inicio. Nós que estamos pegando essa parte por último, com esse guia, seria mais fácil de nos habituarmos, mas de qualquer forma aprendemos como lidar diante de um paciente. Esse guia veio para fortalecer esse aprendizado e ajudar muito em nosso ensino; tenho absoluta certeza que nossas anamneses, ou melhor dizendo, nossas entrevistas serão, de agora em diante, mais ricas e completas. Rafael Moura
“O conteúdo dos textos que foram
passados para nós alunos foi pertinente ao objetivo do polo. Com os textos
pudemos refletir acerca da importância do relacionamento (da interação) com o paciente, estudando e analisando
diferentes aspectos dessa interação. O conteúdo abrangeu todos os pontos mais
importantes da comunicação clinica, abordando tanto o momento das perguntas
verbais, como o averbal do paciente e seu histórico e relação com o meio
ambiente, salientando a importância disso para colher uma boa historia clínica.
Foi abordado também o lado terapêutico da consulta tanto para o paciente como
para o médico, e suas conseqüências para o tratamento. Ou seja, o conteúdo dos
textos foi pertinente ao objetivo de desconstrução de uma visão antiquada de
foco na doença (física), nos ajudando a
focar nossas próximas anamneses no indivíduo doente. Foi fundamental para
complementar o conteúdo dos textos a interação com os pacientes, no momento da
entrevista, pois além de corroborar e autenticar o conhecimento adquirido pelo
texto, adicionou novas perspectivas sobre a interação com os pacientes.” Bruno
Corrêa Lordelo
“Durante muitos anos vem aumentando
progressivamente a desconstrução dos paradigmas médicos. A imagem do médico sentado
numa cadeira enorme no outro lado da mesa do consultório, perguntando somente
coisas relacionadas com a doença do paciente, detentor único de todos os
saberes, está cada vez mais ruída (obsoleta, ultrapassada),
e com razão.
A comprovação é mostrada nas aulas de
comunicação clínica, em que os alunos, em grupos, fazem a entrevista clinica
com o paciente de uma maneira diferente. Mas antes de chamarmos os pacientes,
discutimos sobre textos enviados previamente. Esses textos me ensinaram várias
coisas e me estimularam a agir de modo diferente com o paciente. A importância
de uma boa comunicação na interação médico-paciente, para (construir) uma entrevista bem sucedida, a quebra
de barreiras invisíveis, tudo isso foi demonstrado nas aulas de maneira excepcional.
Tantas vezes critiquei idéias do texto, mas quando fui praticar com o paciente
percebi que ele tinha razão, que podemos sim, por exemplo, deixar (propiciar condições para) o paciente falar a
vontade (sem interrompê-lo precocemente, pelo
menos, nos primeiros dez minutos da entrevista), não importando o tempo,
e que, ao contrário do que pensávamos, os dez minutos são poucos.” Carla
Funato de Mendonça
2.10. SOBRE A METODOLOGIA
“A metodologia utilizada contribuiu
bastante para o aprendizado de toda turma. O conteúdo dos textos serviu como
suporte teórico a ser seguido na prática clínica durante a pré-consulta com os
pacientes. As tarefas solicitadas (avaliação
individual e apresentação coletiva) possibilitaram que refletíssemos
acerca de temas que poderiam ser observados e confirmados durante o atendimento
clínico e a entrevista com o paciente.
A interação médico/paciente é simétrica, mútua, não há hierarquia ou predomínio de uma das partes (para ser considerada simétrica a interação tem de ser ocasionalmente hierárquica e regularmente flexível oscilando entre dominâncias oportunas e transitórias, intercaladas por discursos dos interlocutores envolvidos. No exemplo da consulta médica, às vezes predomina o discurso do médico, outras vezes, o do paciente, na dependência do momento e do campo de competência de cada um. O fundamental é que ambos têm a oportunidade de colocar os seus discursos entremeando-os num movimento de troca pendular de informações). Eu. acredito que este. novo conceito, ao invés da antiga "relação" deveria ser mais bem compreendido e colocado em prática pelo clínico. Essa interação diminui a distância existente entre o paciente e o médico, deixa o paciente mais à vontade para falar de suas queixas, temores e ansiedades em relação à doença (física) e possibilita uma melhor empatia do médico com o paciente.
Foi importante perceber também que grande parte da interação médico/paciente bem-sucedida se deve a habilidade do médico em se comunicar.” Alana Almeida Roxo
A interação médico/paciente é simétrica, mútua, não há hierarquia ou predomínio de uma das partes (para ser considerada simétrica a interação tem de ser ocasionalmente hierárquica e regularmente flexível oscilando entre dominâncias oportunas e transitórias, intercaladas por discursos dos interlocutores envolvidos. No exemplo da consulta médica, às vezes predomina o discurso do médico, outras vezes, o do paciente, na dependência do momento e do campo de competência de cada um. O fundamental é que ambos têm a oportunidade de colocar os seus discursos entremeando-os num movimento de troca pendular de informações). Eu. acredito que este. novo conceito, ao invés da antiga "relação" deveria ser mais bem compreendido e colocado em prática pelo clínico. Essa interação diminui a distância existente entre o paciente e o médico, deixa o paciente mais à vontade para falar de suas queixas, temores e ansiedades em relação à doença (física) e possibilita uma melhor empatia do médico com o paciente.
Foi importante perceber também que grande parte da interação médico/paciente bem-sucedida se deve a habilidade do médico em se comunicar.” Alana Almeida Roxo
“Achei a metodologia aplicada
extremamente útil para traçar uma linha, que muitas vezes é ultrapassada sem
que o médico consiga se dar conta, entre aquilo que deixa o paciente a vontade
e aquilo que o inibe; entre o que faz com que o paciente confie nele e esteja
disposta a cooperar com o tratamento daquilo que faz com que ele saia da
primeira consulta pensando em nunca mais voltar. As anamneses (as entrevistas que contêm as anamneses, sem se confundir
com elas) que produzíamos de cada paciente serviram para aprendermos a
fazer um tipo de anamnese (entrevista) que nunca tinham nos pedido antes:
aquela que retrata além da doença (física),
a que procura saber dos problemas psicossociais (melhor:
dos problemas das interfaces multiaxiais somáticas, mentais, sociais,
pessoais) do paciente e que consegue retratar aquilo que o paciente está
sentindo e que pode estar influenciando no processo doença-saúde.
Foram importantes também as atividades
em grupo e individuais, para nos preparar para o momento com o paciente, mas,
em mim, o que exerceu maior influência foi, sem dúvidas o feedback dos
pacientes após cada aula. É extremamente gratificante saber que, com tão pouco
(melhor dizer: utilizando com rigor as técnicas,
táticas e estratégias comunicacionais aprendidas), podemos fazer um bem
enorme ao outro.” Inaiah
Muritiba Sampaio
“A metodologia do trabalho foi uma
forma interessante de se passar o conteúdo dos textos trabalhados. Mas o meu principal destaque é para a metodologia do
acolhimento ao paciente. Poder fazer uma consulta "diferente" do que
estamos acostumados a ver e ainda receber um feedback do próprio paciente após
a consulta foi de extrema importância para perceber o quanto o mental é
importante e o quanto uma pequena ação por parte do médico (e o quanto o uso judicioso de técnicas, táticas e
estratégias comunicacionais com fundamento na competência, na responsabilidade,
na ética e no compromisso com a saúde e o bem-estar do paciente) pode
fazer toda a diferença no dia a dia de seu paciente.
Ouvir os pacientes falando que nunca tiveram uma consulta como essa e que gostariam de poder voltar a ser atendidos assim, me fez ter certeza de que a medicina precisa urgentemente ser mais humanizada. As análises feitas pelo professor depois que os pacientes iam embora também foi interessante, pois com seus conhecimentos ele nos mostrou algumas nuances das falas dos pacientes que muito provavelmente não teríamos percebido sozinhos e que agora iremos observar com mais freqüência quando estivermos em alguma interação.” Catarina Betania Coelho Pena
Ouvir os pacientes falando que nunca tiveram uma consulta como essa e que gostariam de poder voltar a ser atendidos assim, me fez ter certeza de que a medicina precisa urgentemente ser mais humanizada. As análises feitas pelo professor depois que os pacientes iam embora também foi interessante, pois com seus conhecimentos ele nos mostrou algumas nuances das falas dos pacientes que muito provavelmente não teríamos percebido sozinhos e que agora iremos observar com mais freqüência quando estivermos em alguma interação.” Catarina Betania Coelho Pena
“A metodologia, em minha opinião,
foi bem desenvolvida e aplicada. Os textos que foram disponibilizados antes das
aulas, foram importantes para adquirirmos conhecimentos, o que favoreceu a
discussão em sala e o aprendizado. Da mesma forma as tarefas solicitadas nos
estimularam a refletir e a montar apresentações que desenvolveram nossas
habilidades nos assuntos e na própria atividade de apresentação. As entrevistas
foram ótimas, os pacientes foram bastante acolhedores e cooperativos, todas as
entrevistas correram bem e o depoimento de retorno do paciente nos possibilitou
observar o ponto de vista do outro quanto a essa atividade. A entrevista foi
fundamental para sedimentarmos em nossa mente os assuntos aprendidos.”
Bruno Corrêa Lordelo
“A metodologia do Polo de
Comunicação Clínica deve ser mantida, pois os alunos de medicina precisam ter
contato com essas quatro semanas para poderem aprender mais sobre
como tratar, de verdade, um paciente. A visão de um profissional que sabe fazer
uma abordagem adequada, muitiaxial, é muito mais ampla do que a de um
que só se importa com a doença (física); sem
contar com o fato de que a satisfação do paciente é muito grande, então a
adesão ao tratamento é muito melhor. Foi uma vivência muito
satisfatória.” Gabriela Tanajura Biscaia
“A disciplina foi de grande valor para
o meu crescimento como estudante e futura profissional da área de saúde. Me
ajudou a pensar no paciente como um ser humano multiaxial e não apenas composto
de eixo somático. 0 uso dos textos fornecidos pelo professor foi de grande
ajuda para a construção desta percepção, juntamente com as discussões
realizadas em sala com todos os presentes, pois os diferentes pontos de vista
sempre acrescentam aspectos antes não observados a partir de uma análise
individual. As atividades teóricas realizadas em sala foram de fundamental
importância para os momentos que se seguiram junto ao paciente, orientando-nos
conforme a postura, abordagem e atenção que deveríamos adotar frente ao mesmo.
0 momento mais enriquecedor, foi, sem dúvidas, o momento da entrevista. Pude
perceber a praticidade e eficiência dos métodos apresentados pelos textos e
discussões. Além disso, tornava-se mais visível a cada entrevista, à medida que
aprendíamos como nos portar de forma mais adequada frente ao paciente, como através
de condutas simples (condutas simples, que se
tornam exequíveis e eficazes, porque sustentadas pelo aprendizado de
fundamentos complexos) podemos tornar a interação médico-paciente mais
proveitosa para ambos. 0 retorno com o paciente na sala evidenciava ainda mais
o sucesso de tudo o que foi construído ao longo do curso e por isso creio que
se trata de um momento indispensável, acrescentando uma conclusão ao trabalho
iniciado em sala. Não sei se me daria 10 em aprendizado, pois acho que sempre
há algo mais para ser aprendido. Porém considerando os objetivos principais da
disciplina e o desenvolver das atividades classificaria o meu nível de
aprendizado como no mínimo 9, baseado em como me encontrava antes do início das
aulas e como me encontro agora, no seu término. Não tenho críticas a serem
feitas e como sugestão deixo apenas a idéia de se fazerem ainda mais atividades
de discussão em grupo, pois estas são de grande valor e acrescentam muito a
todos.” Mariana Nóbrega Maia Souza
“O polo de semiologia mental1 voltado
para a comunicação me deu experiências muito importantes para o atendimento e
interação com o paciente. As leituras dos textos sempre complementaram e
embasaram as atividades práticas. Os atendimentos aos pacientes foram momentos
de grande crescimento, pois pudemos "ensaiar" o nosso papel de
ouvinte atento e interessado. O mais incrível é como os pacientes respondiam
positivamente às nossas ações tão simples (ações
complexas que se tornaram simples por causa da motivação externa e do talento
pessoal de Mariana), e como fazíamos uma boa consulta com técnicas nada
sofisticadas, baseadas apenas na atenção (somada
à competência de cuidar, a habilidade para interagir, ao compromisso
ético com a promoção da saúde e bem-estar de pacientes e com o
uso judicioso das técnicas, táticas e estratégias de comunicação clínica).” Mariana
Mascarenhas Assis
“Desde a Psicologia Médica, nós
aprendemos certos métodos, maneiras de agir e aprendemos a fazer uma leitura do
paciente para, de certa forma, nos moldar ao que o paciente necessita.
A mesa
divisória dificulta a comunicação
É
clara a importância de tais disciplinas no currículo de Medicina. Aliás, no
currículo de qualquer curso que diz respeito à área da Saúde Humana. A
disciplina de Saúde Mental (de Semiologia Mental1),
em particular, o Polo de Comunicação Clínica trouxe, uma compreensão muito
maior desta necessidade, ao passo que mostrou na prática, o efeito da abordagem
multiaxial.
Eu não diria que houve uma mudança na abordagem, até mesmo porque nós já buscávamos abarcar o paciente de uma maneira multiaxial, embora o termo não nos fosse conhecido. Entretanto nesse estágio nós aprendemos certas nuances de atendimento, como afastar-se da mesa, (atender ao paciente sem a mesa divisória) deixar o paciente trazer os problemas dele pra gente (propiciar ao paciente a irrupção da catarse emocional), permitir (facilitar) a fala livre do paciente por cerca de 10 minutos... Estes detalhes que a gente não conhecia fizeram a diferença; e a gente pôde ver isso na prática. Sâmara Fernandes Santos Martins
“As informações e a correlação com a
prática são aplicáveis e se tornam muito palpáveis após a explanação dos
conteúdos. Muitos assuntos ou eventos negligenciados por nós estudantes
tornam-se, às vezes, o ‘ponto chave’ de uma problemática ou ‘abre o caminho’
para que o raciocínio lógico de uma hipótese diagnóstica tome a direção
correta.” Sâmara
Fernandes Santos Martins
“O Polo de Comunicação Clínica,
ministrado pelo Professor José Pinto de Queiroz Filho, faz abordagens de
fundamental importância para a conduta médica adequada. Os textos, específicos
para cada aula, ensinam como ter (construir)
uma boa interação médico/paciente, realizar uma entrevista de sucesso, abordar
o paciente de forma muitiaxial, fazer com que o paciente se sinta satisfeito,
respeitado, ouvido, acolhido.
A partir da avaliação crítica escrita
(e individual) e da apresentação em grupo,
os alunos ficam bem inteirados do tema e têm oportunidade de discuti-lo com o
autor do texto. O formato desse polo é muito agradável, pois o contato com o
doente e a oportunidade de colocar o aprendizado em prática faz com que se
tenha um retorno imediato, através dos depoimentos dos pacientes.”
Izabel Machado Chaves de Castro
“Da incapacidade de comunicação (do médico, na entrevista) e a consequente
desqualificação da conversa ou invalidação do que o paciente está dizendo
surgem as iatropatogenias. Para uma comunicação eficaz o médico deve atentar
para técnicas de entrevista como adequação da linguagem ao nível social e
cultura! do paciente, utilização de perguntas abertas, sempre que possível com
reticências, uso de transições sempre que necessário, mudança de tópico durante
a entrevista e utilização do tempo de acolhimento para que o paciente expresse
sua subjetividade, isto é, suas emoções, dúvidas, ansiedades e temores a
respeito de sua patologia.
Outro conhecimento importante foi o de
que a patologia do paciente não está restrita ao somático. O acometimento
somático pode estabelecer uma relação de causa ou consequência e ter
implicações significantes em outros eixos mental, social e pessoal da vida do
paciente. Por isso, é importante que seja avaliado nesses quatro eixos para um
diagnóstico multiaxial.” Alana Almeida Roxo
“A metodologia foi bastante
satisfatória. O esquema de envio e leitura prévia dos textos facilitou bastante
a comunicação e discussão do conteúdo em sala e, principalmente, foi
fundamental no contato com o paciente, tanto em semiologia mental, quanto em
semiologia médica (no meu entender a
semiologia médica é uma só). A possibilidade de fazer a colheita das
informações com o paciente e em seguida discuti-las em sala, enfocando a
percepção dele a respeito do nosso atendimento foi muito interessante também,
pois nos possibilitou ver de forma mais clara o que é poderia ser feito para
melhorar o nosso atendimento.” Cecília
de Oliveira Matos
“A metodologia utilizada foi muito
bem aplicada às nossas necessidades. O contato com o paciente na entrevista foi
de extrema significância, pois a gente, no papel do cuidador, entendemos o ser
humano ao nosso lado (percebemos o paciente como um
ser humano polissêmico). As emoções guardadas (escondidas) de todos,
foram desabafadas perante nossos olhos através de palavras, choros e olhares. O
alívio instantâneo que sentiam após a entrevista, a "limpeza da
alma", tudo isso nos mostrou que esse é o caminho certo para o médico
seguir. As apresentações coletivas tiveram sua importância no que diz respeito
a integração entre os colegas e também no conhecimento passado. Um dos pontos
mais fortes da aula foi sem dúvida o feedback dos pacientes pós entrevista.
Ter conhecimento de como eles se sentiram durante e após a entrevista foi marcante e inovador, e só comprovava o que tínhamos discutidos anteriormente sobre o comportamento humano e a interação entre o médico e o paciente. Meu aprendizado foi nota dez, aprendi sobre a importância de escutar, de perceber os pormenores da entrevista médica, de saber ler nas entrelinhas a real necessidade do paciente e acima de tudo, de por em prática todas essas coisas.” Carla Funato de Mendonça
Ter conhecimento de como eles se sentiram durante e após a entrevista foi marcante e inovador, e só comprovava o que tínhamos discutidos anteriormente sobre o comportamento humano e a interação entre o médico e o paciente. Meu aprendizado foi nota dez, aprendi sobre a importância de escutar, de perceber os pormenores da entrevista médica, de saber ler nas entrelinhas a real necessidade do paciente e acima de tudo, de por em prática todas essas coisas.” Carla Funato de Mendonça
“A atividade de apresentação em grupo
foi bastante válida, pois se constituiu num momento de aprendizado mútuo. O
texto lido e apresentado foi bem trabalhado e a idéia de confrontar o texto
sobre comunicação normal com o texto de comunicação iatropatogênica, foi uma
forma de trabalharmos com as diversas faces da comunicação. Ter trabalhos que
tenham como objetivo explorar a comunicação entre médico e paciente é
importante, pois apenas através da comunicação efetiva é que a interação médico
paciente será bem-sucedida.” Mariana
Mascarenhas Assis
2.11. CRÍTICAS E SUGESTÕES
“Uma crítica que vou fazer é com
relação as filmagens das aulas, pois dificulta a desenvoltura de alunos mais
tímidos. Assim, há uma certa inibição de alguns alunos ou até mesmo colocações
tendenciosas (confesso, não entendi) a
partir desse método. (Nos dois semestres
letivos, as aulas só foram filmadas no último mês do primeiro semestre de 2011,
com a anuência dos/as pacientes que assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Sobre os/as
discentes disse-me, Gerson, cinegrafista do Cedete, que outros professores consultaram
o setor jurídico da Escola a respeito da filmagem dos/das discentes e
foram informados que se eles estivessem participando de aulas curriculares não
haveria nenhum impedimento legal. Mesmo assim, disponibilizei para os/as
alunos/as o mesmo Termo de
Consentimento. Durante as oito aulas
nenhum formulário foi assinado)
(...) A outra crítica com relação à matéria seria o tempo de cada módulo, pois
sempre quando começamos a nos tornar mais aptos nas atividades de um módulo há
o rodízio e isso nos impede de solidificar algumas “artimanhas”(melhor dizer, algumas técnicas, táticas e estratégias
comunicacionais) que facilitam a interação médico paciente no âmbito
daquele módulo.” Sâmara
Fernandes Santos Martins
“Não acho muito proveitoso para o
aluno a feitura de avaliações críticas sobre os textos. Sugiro que seja
implantada a feitura de textos sobre o que se aprendeu ao fim de cada aula,
talvez isso desse maior visão ao professor em relação ao aproveitamento de cada
um.
Acredito que sejam válidas as
apresentações coletivas, talvez fosse melhor uma organização, por parte do
professor, em relação ao tempo para cada grupo. Vejo o acolhimento e o contato
com os pacientes como o diferencial da matéria. Sugiro um pequeno treinamento
prático, por meio de teatralização (prefiro o
contacto do aluno com o paciente real), sobre o que irá ser feito antes
do consultório para dar maior segurança aos alunos.”
Zenon Rei de Brito Borges
“Os textos trazem uma abordagem muito
boa sobre a interação do médico com o paciente, trazem técnicas e metodologias
que ajudam no desenvolvimento de um comportamento médico que propicia ao
paciente um ambiente confortável para a interação. Entretanto acho que os
textos da segunda e da terceira aula são um pouco repetitivos eles trazem o
mesmo assunto e poderiam ser condensados (Na
verdade, trata-se de um mesmo texto sobre comunicação clínica, dividido em duas
partes: a normal e a patológica). Já o texto da última aula (referindo-se ao texto, Semiologia das Funções Mentais)
é muito denso e poderia ter sido dividido em duas partes, para uma compreensão
e discussão mais aprofundada. A interação com os pacientes foi excelente, foi
uma oportunidade ímpar de praticar o que estava nos textos e durante o curso de
medicina talvez uma das poucas oportunidades de não termos de fazer uma anamnese
engessada e termos tempo para verdadeiramente conhecermos o paciente”. Francine
de Sousa
“Uma crítica que tenho ao
funcionamento do polo de Desconstrução de Paradigmas Médicos é quanto ao curto
período de tempo que tivemos. Creio que quatro semanas são insuficientes para a
grande quantidade de conhecimento que nos é exposto nesse polo. Não que quatro
semanas sejam insuficientes para aprendermos algumas coisas, mas, caso
tivéssemos mais semanas, tenho certeza que teríamos uma experiência muito mais
enriquecedora. No mais, gostei bastante da experiência que tive nessas semanas
e tenho certeza de que tudo que aprendi me ajudará muito nas minhas atividades
futuras, como acadêmico em anos posteriores e como médico.” Felipe
Santos Passos
“Penso que esse ramo de semiologia
mental deveria ser dado no inicio do semestre, pois ele passando um conteúdo
tão primário e essencial (substituo o primário por
pragmático e exeqüível, mas concordo com o essencial) a interação
medico-paciente, teria facilitado bastante o nosso primeiro contato no
hospital. Embora a bibliografia tenha ajudado bastante, outros livros texto
poderiam ter sido recomendados e discutidos em sala.” Cecília
de Oliveira Matos
“Acho que esse estágio deveria
ocorrer no início do curso para todos os alunos. Sei que é algo complicado de
realizar, mas acho muito necessário. O quinto semestre é quando começamos a
freqüentar hospitais e interagir de maneira mais próxima com o paciente para
fazermos as semanais anamneses em Semiologia Médica, sendo o contato inicial
com o paciente muito difícil [principalmente no que diz respeito a saúde
mental]. Me senti um pouco prejudicada pois não tive a oportunidade de colocar
em prática, em um ambiente fora da aula, as técnicas aprendidas. Acredito que
se tivesse tido essas aulas um pouco antes as entrevistas realizadas no
hospital teriam uma qualidade e rendimento superior.” Izabel Machado Chaves
de Castro
“A única crítica que eu tenho a fazer
é em relação ao tempo. Acho que quatro encontros nesse polo é muito pouco, mas
sei que infelizmente fica difícil estender a matéria. (...)
Algumas apresentações foram comprometidas devido ao tempo da apresentação de
outros colegas, acho que antes das aulas os alunos deveriam ter em mente um
tempo pré-definido para se apresentar, por exemplo, 5 minutos sem
acréscimos. Fora isto não tenho outras sugestões ou crítica.”
Bruno Corrêa Lordelo
“A única coisa que tenho a reclamar é
o pouco tempo para cada polo. Tanto no primeiro polo que passei, com a
professora Célia no AMA, como neste, tive a sensação de que quatro semanas é
pouco tempo e que aproveitaríamos mais se tivéssemos mais aulas.” Gabriela Novaes
Brito
“As atividades de apresentação
foram um tanto quanto trabalhosas, não pelo fato de serem cansativas, mas pela
rotina de estudo e o ritmo imposto pela faculdade, que não propicia um
aprofundamento adequado em determinadas matérias que serão importantes para o
futuro de todo médico. As avaliações individuais são interessantes, mas acho
que deveria haver um maior retorno quanto ao conteúdo das mesmas. O processo de
atividade com os pacientes foi muito bom, sendo uma surpresa o fato de como
fluiu facilmente em todas as suas etapas, desde o acolhimento até a entrevista
e o repasse final. Todavia o preenchimento das fichas deveria ser mais
explanado para os alunos, pois de início houve um grande desentendimento do que
deveria ser feito.” Luiz
Aberto Bouzas Regueira
2.12. A CONTRIBUIÇÃO DE AUXILIARES DE
ENFERMAGEM E ADMINISTRATIVOS
Foi fundamental para a feitura da pesquisa.
As auxiliares de enfermagem ficaram encarregadas de buscar os/as pacientes na
recepção e conduzi-los para a consulta. O administrador do ambulatório arrumava a
sala de aula (com as cadeiras dispostas em semicírculo, conforme as minhas
instruções) e disponibilizava o sistema audiovisual e os consultórios para a
abordagem multiaxial.
3.00. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O atual modelo focado no corpo físico e
sustentado pelo cartel da indústria farmacêutica, desde há muito vem mostrando
suas limitações consubstanciadas na comprovação factual de que a mera supressão
transitória dos sintomas das enfermidades ajuda, alivia sofrimentos, mas não
cura as doenças.
A proposta deste trabalho foi a de
explicitar de maneira categórica um modelo de consulta médica -, a abordagem
multiaxial -, que pretende estabelecer um novo paradigma
semiológico-terapêutico na busca da saúde integral.
Como resultado, emergiu este relato que
expôs, sem reservas, as entranhas de uma sala de aula onde se desenvolveu um processo
ensino/aprendizagem que foi posto em prática, testado, validado por resultados
semiológicos e terapêuticos qualitativos e quantitativos. Incluso a
humanização da consulta médica que é a essência da política de saúde do SUS, na
qual o acolhimento representa uma “atitude” relacionada ao
componente ético do cuidado que se produz ou não, no campo da assistência.
A abordagem multiaxial pode substituir, com
vantagens, o tosco e dinossáurico[23] tópico complementar da anamnese
engessada intitulado “Avaliação psicossocial e personalidade” ou “Perfil
pessoal e social”, título incluído na ”Ficha de Consulta do ADAB” e
localizado simbolicamente no final da anamnese e antes do exame físico.
Trata-se de um item da anamnese engessada reconhecidamente de pouco proveito e
pouca serventia para orientar o médico e ajudar o paciente.
A abordagem multiaxial (com destaque para a
etapa de boas-vindas ou acolhimento) é um procedimento técnico da ordem das
práticas e das interações que se estabelecem entre os serviços, os
trabalhadores e os usuários, configurando espaços de encontro e de escuta entre
seres humanos, na sua dimensão mais ampla.
Para concluir, entendo que a grande, premente
e crucial questão a ser enfrentada na implementação do procedimento multiaxial
é a constatação de que, até o presente momento (2011), ele ainda não é a
práxis de rotina da maioria dos médicos brasileiros. Tal fato indica que para
ser legitimado faz-se urgente que se ensine como fazer e se divulgue, à
exaustão, o seu contundente sucesso semiológico/terapêutico que resulta
fundamentalmente do aprofundamento da troca de saberes entre o paciente, o
médico, a família e a sociedade. Tenho dito!
APÊNDICE.01
ANÁLISE CRÍTICA DO TEXTO SEMIOLOGIA
DAS FUNÇÕES MENTAIS
Escola Bahiana de Medicina e saúde
pública Professor: José Queiroz - Aluna: Mariana Tinoco Lordello de Souza
Número: 57 Turma: Terça-feira
“O texto Semiologia das Funções Mentais se mostrou, a meu ver, inovador e me apresentou, por várias vezes, afirmações que a princípio me pareceram equivocadas, mas que logo depois me convenceram completamente e abriram a minha visão quanto ao que foi afirmado. Exemplificarei a seguir:
Dizer que ‘é a memória, e não a
consciência, a nossa função mental mais importante’ me trouxe certa
discordância a princípio, pois a consciência sempre me pareceu uma função não
só mais importante como também mais nobre e complexa. No entanto a
justificativa para tal colocação, relacionando a memória à materialização e
possibilidade de existência do passado, que é sabiamente descrito como a única
coisa que realmente possuímos, fez-me enxergar o quanto essa função é vital e
rege todas as demais.
Seguindo a leitura, me deparei com a
consideração de que a mente teria essência física, já que só o físico pode agir
sobre o físico. A frase seguinte logo me elucidou: os eventos mentais são
físicos/químicos sem, no entanto, deixar de ser subjetivos. A
subjetividade, no senso comum, está geralmente ligada a algo etéreo. Um simples
raciocínio nos mostra que ela pode, sim, estar relacionada a algo físico,
material e palpável.
No mais, de uma forma geral, o texto é
bem escrito e não dá margens a muitas discordâncias por tratar de questões
factuais, comprovadas e estudadas previamente; sendo assim é mais uma fonte de
informação que de reflexão.” Ana
Carolina Souza Coelho
“O texto passeia pela análise do
cérebro como órgão cujo desenvolvimento histórico foi julgado sobre muitas
hipóteses e misticismo, e desbrava esses fatos com análises que considerei
muito interessantes. Em especial, me chamou a atenção o esclarecimento acerca
das funções cerebrais, além da distinção entre cérebro e mente, a qual nós
conseguimos diferenciar de forma intuitiva, mas costumamos não saber verbalizar
essa distinção.
A complexidade cerebral em números, em
relação às sinapses e aos neurônios, como é mostrado no texto é impressionante
e era por mim desconhecida. Demonstra a importância do cérebro e a dimensão do
que ainda é desconhecido peíos cientistas e médicos. Essa clareza da ignorância
em que ainda vivemos com relação a esse órgão possibilita aos cientistas
conseguir cada vez mais descobertas e estimula o desenvolvimento de novas
pesquisas.
Outra questão que me chamou atenção
foi o não funcionamento isolado das funções mentais e os fundamentos do
encadeamento causal a qual estão submetidas.
A neuroanatomia, bem como as funções
básicas do cérebro e muitos conceitos contidos no texto deveriam ser de
conhecimento de todo médico, tendo em vista a indissociabilidade entre a
condição física e a condição mental dos indivíduos. Destarte, as patologias seriam
tratadas de maneira mais ampla e, sem dúvida, mais efetiva.”
Mariana Tinoco Lordello de Souza
Aluna: Gabriela Biscaia
Data: 27/10/2011 Turma: quinta-feira
Análise Crítica do texto Pequeno Guia
de Entrevista Médica
“O texto Pequeno Guia de Entrevista Médica chama a atenção para diversas questões de extrema importância na prática médica, mas ultimamente muito esquecidas. Particularmente a primeira frase do texto, 'A entrevista médica que contém a anamnese, e não o contrario, como se costuma pensar’ me chamou muito a atenção, eu nunca havia analisado a situação desta maneira. Na prática apenas chegamos ao paciente para colher a história de sua moléstia (física), e, como conseqüência, entrevistá-lo e tentar saber um pouco mais de sua 'vida além da doença'. Os resultados normalmente não são tão bons e o vínculo médico-paciente formado é frágil e debilitado, sem um bom grau de confiança mútua. Vale ressaltar também a questão da linguagem não verbal que é fundamental para uma entrevista bem sucedida, principalmente quando estamos no início do processo de aprendizagem e que não temos idéia de como isso afeta o resultado final
.
Outra citação que faço questão de
lembrar é ‘a entrevista funciona como um valioso instrumento propedêutico e
terapêutico’. A entrevista como instrumento terapêutico é, com certeza, algo em
extinção no âmbito médico, e, portanto, não informado aos mais novos
aprendizes. No sistema público de saúde, onde ocorre a maior parte da formação
acadêmica dos estudantes de medicina, é algo ainda mais raro por conta das
carências já bastante conhecidas. Por isso que chamar atenção para este papel
do médico é algo que deve ser colocado desde o início do curso.
A forma como a entrevista será
conduzida não deve ser aleatória e o texto esclarece muito bem essa questão,
mostrando com detalhes as principais etapas que devem estar presentes em uma
boa entrevista. A empatia com paciente nasce justamente deste momento, e é
desta relação (interação) que se consegue a confiança necessária para um real
entendimento do problema e uma posterior boa adesão ao tratamento.”Gabriela
Biscaia
“O texto (Pequeno Guia da Entrevista
Médica) aborda aspectos extremamente importantes em uma entrevista clínica. O
primeiro ponto que me surpreendeu foi a inserção da anamnese dentro da
estrutura da entrevista e não o contrário, como sempre imaginei que fosse.
Refletindo sobre o tema, achei muito coerente esta colocação, pois, realmente,
a anamnese é apenas uma etapa de um processo muito maior de interação entre o
médico e seu paciente. (...) O texto traz muitas informações, deixa claro
que a entrevista é um procedimento que concilia a linguagem verbal com a
linguagem averbal, ou seja, o médico deve estar atento às entrelinhas da
conversa. Além de um bom questionador, o médico deve ser ainda melhor
observador e ouvinte.
Acredito que de fato a primeira
impressão é a que fica. Então o primeiro contato com o paciente deve ser
amigável, o paciente deve se sentir confortável e seguro. O médico deve passar
confiança e interesse pelo problema. Um paciente que não se sente seguro com o
médico, provavelmente vai omitir informações que podem ser providenciais para
uma consulta e tratamento bem sucedidos. (...) Acho importante estarmos sempre
abordando esse assunto, para que nunca seja esquecido o quão é importante.
Espero sempre poder valer desses ensinamentos me comprometendo a dar o melhor
de mim e que o ‘saber adquirido, a palavra adequada, o carinho esperado, o
apoio confortador’ (Prof. Dr. José Pinto de Queiroz Filho) nunca me faltem.”
“O texto traz um formato de abordagem
novo, para uma nova proposta de atendimento ao paciente já preconizada pela
EBMSP desde o seu processo seletivo, que visa dar a abordagem clínica um olhar
ampliado, visando não só a doença física, e sim, todos as interfaces humanas
mentais, sociais e pessoais. Desta forma, possibilita-se uma releitura da
relação (interação) médico-paciente, que está dentro do contexto atual de
re-humanização da medicina, trazendo grandes benefícios para o paciente, para o
profissional de saúde e para o sistema de saúde como um todo. (...) A
divisão do diagnóstico multiaxial em eixos proporciona uma avaliação
individualizada de cada paciente, pois ao final do atendimento, com o
diagnóstico dado por cada eixo (mental, somático, interpessoal e pessoal),
torna-se possível uma abordagem específica e diferenciada de acordo com a
demanda de cada paciente.” Renan
Lessa Rodrigues
“O texto Pequeno guia da entrevista
clínica é muito interessante e abre nossas cabeças para outras vertentes, que
não são tão simples de ser abordadas nem aplicadas se não houver o
direcionamento correto. E o texto nos dá essa orientação passo-a-passo.
O texto mostra a "anamnese"
e a "entrevista" como dois conjuntos distintos em que o primeiro está
contido no segundo. Esse conceito é imprescindível e, no mínimo, determinante,
porque se confronta com a realidade da maioria dos atendimentos médicos que
acontecem atualmente.” Yasmin
Luz
“Posso falar, por experiência própria,
que existem médicos que não respeitam nenhum desses preceitos, como, por
exemplo, o de deixar o paciente falar, se expressar, ou de apresentar um
semblante que expresse pelo menos um pouco de prazer ou vontade de fazer aquilo
que está fazendo. São inúmeros os médicos que simplesmente mandam você sentar
no consultório, te fazem mil perguntas, somente à respeito da patologia
(somática), escrevendo no prontuário tudo que está sendo dito, sem nem olhar
para o paciente. É possível que, dois minutos depois, o médico não reconheça um
cidadão que acabou de atender. Além disso, é muito importante ressaltar, o uso
de expressões de acolhimento e de despedida que podem ser usadas que, a
principio, não fazem muita diferença, mas somadas ao olhar, ao semblante do
médico, sua postura e seu modo de falar, com certeza irá ser um momento de
grande ganho na relação (interação) médico paciente.
Para encerrar, gostaria de deixar
claro que sou a favor de que textos como o que foram apresentados sejas lidos
por todos, pois, com certeza, não temos que ser médicos de doenças (físicas),
mas sim de seres humanos, como um todo.” Nestor
Moreira Neto
Habituei-me a construir uma interação
docente/discente dinâmica, amigável, transparente, motivadora e produtiva
buscando facilitar o aprendizado de conteúdos formativos e informativos. Os
depoimentos relatados acima sinalizam o que obtive de retorno no que se refere aos
resultados didáticos produzidos.
Referências:
[1] Acolher é dar acolhida,
admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito a, agasalhar, receber, atender (FERREIRA, 1975).
[2] Acolhimento nas práticas de produção
de saúde, série B, textos básicos de saúde, Brasília, DF, 2006.
[3] O instrumento mais antigo da divisão
do dia em horas é um relógio de sol egípcio datado de 1.500 a.C. Foi
utilizado para medir a sucessão das horas ou do tempo por meio da visualização
da incidência da luz solar na terra em diferentes posições e era justamente
essa variação que fornecia as horas.
[4] O universo; o espaço universal
composto de matéria e energia e ordenado segundo suas próprias leis.
[5] Equivoco análogo à relação que se
faz, hoje, entre o cérebro e o computador. O cérebro pode ser tudo, menos uma
máquina.
[6] Reducionismo é
o procedimento ou a teoria que decompõe (reduz) todo fenômeno complexo a seus
termos mais simples e considera-os mais fundamentais do que o próprio fenômeno.
[8] No século XVII, William
Harvey desvendou o processo da circulação sanguínea; Claude
Bernard, em cuidadosas experimentações, contribuiu decisivamente para a
compreensão dos fenômenos fisiológicos do organismo; também criou o conceito
de homeostasia (equilíbrio dinâmico do organismo); Rudolf
Virchowpostulou como base da ciência médica, as mudanças da estrutura das
células produzidas por doenças; Louis Pasteur demonstrou a
co-interação entre bactérias e doenças infecciosas. Todos os citados,
fundamentaram-se nos princípios biológicos e mecanicistas
[9] DESCARTES escrevia em latim, e o seu
nome latino era Cartesius. Daí surgiu o termo Cartesianismo para
designar todo pensamento com as características racionais, rigorosas e
metódicas de Descartes.
[11] Excetuam-se os casos de urgência, nos
quais o ser humano precisa ser tratado como uma máquina defeituosa, ainda que
de forma transitória.
[12] WATZLAWICK, Paul et autores,
Pragmática da comunicação humana, Ed. Cultrix, 1973, São Paulo, SP.
[13] NINA Vasconcelos Guimarães, A
Irreverência do Mestre Cecchin inhttp://www.abratef.org.br/artigos_imprime.php?id_artigo=3.
15.08.2011, às 18h e 10m.
[14] BRANCO, Rita Francis Gonzales y
Rodrigues. A Interação com o Paciente: teoria, ensino e prática. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
[15] STEWART, M et autores, The impacto of
patient-centered care on outcomes, Journal of Family Practive, vol 49,
no. 9, 2000, citado por SANDERS, Lisa in Todo paciente tem uma história para
contar, mistérios médicos e a arte do diagnóstico, Zahar, 2010, Rio de
Janeiro, RJ.
[16] SANDERS, Lisa, Todo paciente tem uma
história para contar. Mistérios médicos e a arte do diagnóstico, Ed. Zahar, Rio
de Janeiro, RJ, 2010.
[17] PENDLETON, David et al., A nova
consulta, desenvolvendo a comunicação entre médico e paciente, Artmed, 2011,
RS.
Trabalho de grupo - Apresentação e debate;
Texto
01: Comunicando-se com o paciente, parte 1.
Texto
02: Iatropatogênica, - A comunicação mal sucedida entre médico e paciente,
parte 2.
Texto
03: Semiologia das funções mentais.
Trabalho individual - Resenha crítica:
Texto
04: Diagnóstico multiaxial: Noções fundamentais.
Texto
05: Medicina: Novas competências, novos desafios.
Texto
06: Comunicando-se com o paciente terminal.